Nem a vitória de virada por 3 a 2 sobre o Vasco na última segunda-feira (13) serviu para amenizar a pressão em cima do técnico Vítor Pereira, no Flamengo. A vida do treinador português não anda fácil no Rio de Janeiro após o péssimo início de temporada do rubro-negro e, mesmo caso se confirme a classificação do Flamengo à decisão do Campeonato Carioca, ainda está não se pode dizer que Vítor Pereira faz um bom trabalho no clube da Gávea.
E o mau desempenho do treinador em campo se reflete nos números. Apesar de ter passado por dois dos clubes mais fortes do país (já que esteve no Corinthians antes de chegar ao Flamengo), Vítor Pereira tem apenas o sétimo melhor aproveitamento entre os 11 “professores” lusos que passaram por clubes da Série A desde 2019.
O ano serve como marco do início da “invasão” dos técnicos portugueses ao país porque foi quando o Flamengo contratou Jorge Jesus, treinador que faturou cinco títulos em 13 meses (inclusive o Brasileiro e a Copa Libertadores da América) e se despediu com aproveitamento superior a 80%.
Mas o desempenho de Vítor Pereira no Brasil fica bem longe disso, em um “outro patamar”, como os próprios rubro-negros gostam de dizer. Na soma das passagens por Corinthians e Flamengo, o ex-comandante do Porto só conquistou 54,8% dos pontos que disputou.
Além de Jorge Jesus, Ivo Vieira (Cuiabá), Abel Ferreira (Palmeiras), Paulo Sousa (Flamengo), Renato Paiva (Bahia) e Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino) também superam o aproveitamento do atual técnico rubro-negro.
De todos os portugueses que desembarcaram no futebol brasileiro ao longo das últimas cinco temporadas, somente António Oliveira (Athletico-PR, Cuaibá e Coritiba), Jesualdo Ferreira (Santos), Luís Castro (Botafogo) e Ricardo Sá Pinto (Vasco) foram ainda piores que Vítor Pereira.
Mas nenhum deles dispôs de um orçamento tão grande quanto aquele que o treinador de 52 anos tem em mãos.
Um resumo da passagem de Vítor Pereira pelo Flamengo
Após uma primeira temporada no Brasil à frente do Corinthians, Vítor Pereira já desembarcou no Flamengo em meio a um ambiente de pressão e tensão. Afinal, sua contratação para a vaga de Dorival Júnior, demitido mesmo após a conquista dos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, nunca foi devidamente explicada pela diretoria.
A situação foi piorando consideravelmente a cada novo resultado negativo colhido dentro de campo. Primeiro, o time perdeu a Supercopa do Brasil para o Palmeiras. Depois, foi eliminado ainda nas semifinais do Mundial de Clubes e nem conseguiu chegar no aguardado duelo com o Real Madrid. Quando voltou para casa, sucumbiu frente ao Independiente del Valle na Recopa Sul-Americana.
O baque mais recente aconteceu no Campeonato Carioca. O Fla liderava a classificação geral do torneio até sair derrotado de dois clássicos na sequência (contra Vasco e Fluminense), ser ultrapassado por ambos e ficar sem o troféu da Taça Guanabara, entregue à equipe de melhor campanha da fase classificatória.
Após a vitória no primeiro jogo da semifinal, o clube da Gávea tem a vantagem do empate no reencontro com o Vasco, no próximo domingo (19). Um dia antes, Fluminense e Volta Redonda decidem o dono da outra vaga na final (o clube do interior venceu por 2 a 1 nos 90 minutos iniciais).
Técnicos portugueses no Brasil*
1 – Ivo Vieira (Cuiabá, desde 2023): 90,9% de aproveitamento
2 – Jorge Jesus (Flamengo, 2019-20): 81% de aproveitamento
3 – Abel Ferreira (Palmeiras, desde 2020): 66,6%
4 – Paulo Sousa (Flamengo, 2022): 65,6%
5 – Renato Paiva (Bahia, desde 2023): 62,7%
6 – Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino, desde 2023): 57,1%
7 – Vítor Pereira (Corinthians e Flamengo, desde 2022): 54,8%
8 – António Oliveira (Athletico-PR, Cuiabá e Coritiba, desde 2021): 51,9%
9 – Jesualdo Ferreira (Santos, 2020): 48,9%
10 – Luís Castro (Botafogo, desde 2022): 48,8%
11 – Ricardo Sá Pinto (Vasco, 2020): 33,3%
*desde 2019, em times da Série A