O prestigiado jornal britânico The Telegraph publicou uma pesquisa que levanta sérias questões sobre a gestão financeira do gigante espanhol do futebol, o Real Madrid. A análise incisiva revela que o clube se recusou a detalhar por que 20% de seus custos, que correspondem a 122 milhões de euros, não foram contabilizados nos resultados financeiros do último ano fiscal, publicados em outubro de 2022.
Tal obscuridade, insinua o artigo, provoca dúvidas sobre o cumprimento das regras do Fair Play Financeiro estabelecidas para os clubes de futebol europeus. E mais, o clube decidiu não responder especificamente sobre a destinação de 135 milhões de euros, dos quais 122 milhões parecem ser um “buraco negro”, identificado em sua categoria de “outros gastos operacionais”.
Quais são os gastos misteriosos do Real Madrid?
Segundo o The Telegraph, o Real Madrid direcionou 135 milhões de eurosa a “outros gastos operacionais”, sem oferecer qualquer justificativa sobre a spenda de 122 milhões. Nem sequer foi confirmada ou negada a ideia de que estes gastos estivessem relacionados a um reembolso por um acordo de venda de futuros direitos de publicidade ao grupo de capital privado Providence.
A primeira aliança com essa empresa remonta ao ano fiscal de 2017/18 e, desde então, a relação parece ter se intensificado em termos de tempo e valor. O acordo rendeu ao Real Madrid um aporte financeiro em troca da venda de futuras receitas.
No entanto, estas receitas foram inscritas nas contas como ingressos, e não como dívidas, sem que o clube fornecesse detalhes concretos sobre como esse compromisso estava sendo devolvido à Providence.
O que isso significa para o Real Madrid?
Enquanto a legalidade do acordo não está sendo questionada, a sua transparência sim. Há dúvidas sobre se o acordo estaria ou não em conformidade com as regras do Fair Play Financeiro da UEFA. A principal preocupação é se os clubes devem ser autorizados a registrar a venda de futuras receitas como ingressos de marketing, em vez de como dívidas.
Antes do acordo com a Providence, o clube estava em dificuldades para cobrir os salários das equipes para as temporadas 2014/15, 2015/16 e 2016/17. Isso resultou em dívidas entre 72 e 82 milhões de euros para cada um desses anos. No entanto, desde que firmou o acordo, a necessidade de endividamento se tornou desnecessária.
No momento, ainda é incerto qual será o resultado dessa investigação para o Real Madrid. Caso seja comprovado que o clube infringiu as regras do Fair Play Financeiro da UEFA, poderá enfrentar sanções severas, incluindo multas e exclusões de competições europeias. Contudo, o debate sobre a transparência financeira no mundo do futebol apenas reforça a necessidade de maior controle e regulamentação.