É verídico que os coreanos frequentemente não usam desodorante devido à presença do gene associado ao odor corporal. Entretanto, é importante notar que esse gene não se limita apenas às axilas, já que poucos genes afetam apenas uma única característica. Um exemplo notável é o atacante sul-coreano do Tottenham, Heung Min-Son, que também sugere uma possível falta de necessidade de antitranspirantes.
O gene em questão é identificado como ABCC11, sendo interessante notar que até mesmo o nome carrega a referência ao odor corporal. Esse gene codifica uma proteína que tem a função de transportar moléculas através das membranas celulares. Por questões bioquímicas mais complexas, sua variante influencia a umidade da cera de ouvido, podendo ser úmida ou seca.
Nas pessoas com cera de ouvido seca, uma vantagem é percebida: suas axilas não excretam o composto que, quando metabolizado pelas bactérias da pele, causa o odor desagradável. Apenas 0,006% dos coreanos têm essa variante do ABCC11 que produz o odor, em contraste com 97% dos europeus e africanos que o possuem.
Por que apenas os coreanos?
Essa variante predominante sem odor está presente em altas proporções nas populações de diversos países do leste asiático, além de ser encontrada entre nativos americanos (que migraram da Ásia para o Alasca há cerca de 15 mil anos).
Contudo, nenhum país se destaca tanto quanto as Coreias em termos de prevalência desse gene. Como resultado, é difícil encontrar produtos desodorantes à venda nesses locais. É crucial observar que a utilização de desodorantes é, em grande parte, uma construção cultural.
Mesmo entre os europeus brancos que possuem somente a variante “sem odor” do gene ABCC11 em seu genoma (homozigotos), 78% ainda utilizam desodorante, muito embora muitos desconheçam que poderiam, em teoria, prescindir de produtos como roll-ons e aerossóis.