No ano de 1950, a Argentina surpreendeu o mundo ao tomar uma decisão chocante: optou por ficar de fora da Copa do Mundo. A razão por trás desse evento histórico remonta a uma debandada em massa de seus maiores talentos do futebol, incluindo a lenda Alfredo Di Stéfano, que se dirigiram para um campeonato colombiano não reconhecido pela FIFA. Esse movimento ocorreu em 1948.
Amadeo Carrizo, ex-goleiro do River Plate e da seleção argentina, que completa 88 anos em 12 de junho, dia em que começa a Copa do Mundo, relembra esses acontecimentos. “Foram Di Stéfano, Pipo Rossi, (Adolfo) Pedernera”, disse Carrizo, referindo-se aos talentosos jogadores que fizeram parte do êpico time do River Plate conhecido à época como “La Máquina”.
Carrizo lembra com saudosismo: “Rossi comandava o meio-campo, e Di Stéfano estava no auge de sua glória”. O destino de Di Stéfano o conduziu a outro país, o que levou o jogador ao Real Madrid, onde ele desfrutou de grandes triunfos.
O Brasil, por outro lado, sentiu-se profundamente ofendido pela decisão argentina e não apoiou seus vizinhos na tentativa de trazer a Copa do Mundo de volta para a América do Sul. Isso marcou o início de um período de ressentimento entre as duas nações futebolísticas.
O jogador que mais sofreu as consequências dessa guinada política do futebol argentino para o lado errado foi Carrizo. Quando a seleção argentina voltou da Copa de 1958 na Suécia, a primeira disputada por eles em 20 anos, Carrizo enfrentou críticas pesadas dos torcedores em Buenos Aires. A equipe argentina foi eliminada após sofrer 10 gols em apenas três partidas da fase de grupos.
Carrizo, no entanto, foi posteriormente reconhecido como o melhor goleiro da América do Sul no século 20 pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, um testemunho de sua grandeza e da complexidade das relações futebolísticas na América do Sul naquela época.