O ex-árbitro argentino, Martín Bustos, foi condenado a 12 anos de prisão por abusos sexuais cometidos contra jovens jogadores do clube Independiente de Avellaneda. Além dos abusos, muitas vezes, os jovens eram induzidos a se prostituir em troca de chuteiras e calças de futebol, segundo a promotora Maria Soledad Garibaldi.
A rede criminosa, que foi revelada em 2018, incentivava a prostituição de jogadores menores de idade, oferecendo-os dinheiro para viagens, ingressos para visitar suas famílias e equipamentos esportivos. Segundo o canal ‘TyC Sports’, “Martín Bustos foi considerado culpado de promover a prostituição, agravada por ser realizado em situação de vulnerabilidade e com vítima menor de 18 anos”. No entanto, Bustos cumprirá sua pena em prisão domiciliar.
Outras condenações e modus operandi
Bustos já foi condenado anteriormente a três anos de prisão por ‘grooming’ (assédio cibernético) a jovens jogadores do Newell’s Old Boys. Além disso, na mesma trama de prostituição e abuso de menores que chocou o futebol argentino em 2018, Alejandro Dal Cin, Silvio Fleytas e Juan Díaz Vallone também foram condenados ao regime de prisão domiciliar.
Fernando Langenauer, responsável pela residência dos jogadores do Independiente quando o escândalo estourou, explicou em ‘DC Sports’ sobre o funcionamento da gangue criminosa. Segundo ele, os criminosos abordavam os jovens por redes sociais, alguns se passando por agentes de jogadores. Ofereciam dinheiro em troca de favores sexuais e muitos meninos acabavam cedendo, impulsionados pela necessidade e desejo de sucesso no futebol.
Descoberta dos abusos e silêncio do futebol argentino
Langenauer soube dos abusos quando “um garoto veio falar com ele, porque um colega lhe tinha contado algo e pediu ajuda ao psicólogo”. Na sequência, Langenauer percebeu que algo não estava certo e entendeu que o problema era muito maior do que parecia.
Após reuniões com sua equipe e com os meninos, ele se aproximou da coordenação do clube e informou-os sobre a situação. As autoridades foram avisadas e, em poucos dias, a história estava nos meios de comunicação. Entretanto, a exposição midiática acabou gerando uma maior revitimização das vítimas.
Langenauer acrescenta: “Teria preferido o silêncio e focar no trabalho com os meninos e suas famílias. Também não me surpreende o silêncio do mundo do futebol que tem sido cúmplice dessa situação por décadas. Se tivesse sabido antes teria denunciado”.