Como o São Caetano chegou na final da Libertadores em 2002?

Fundado em 1989, o São Caetano levou pouco tempo para figurar entre os principais clubes do futebol brasileiro. Há 20 anos, em 31 de julho de 2002, o clube vivia o auge: disputava uma final de Libertadores da América contra o tradicional Olimpia, do Paraguai.

E não podia imaginar que o cenário seria completamente diferente duas décadas depois. Se naquela noite o torcedor chorou a perda de um título que estava praticamente ganho, mas podia vislumbrar novas conquistas, agora a luta é apenas para sobreviver: o São Caetano é um clube sem calendário nacional, rebaixado à Série A2, recém-despejado de sua sede social e com um presidente investigado e que chegou a ser preso.

Foi do céu ao inferno em duas décadas. O caminho foi sólido. Em 1993, o São Caetano já figurava na elite estadual. Vice-campeão da Série C em 1998, no ano seguinte disputou a Série B do Brasileiro. Em 2000, no Módulo Amarelo da extinta Copa João Havelange, foi finalista e ficou com o vice-campeonato nacional, sendo derrotado pelo Vasco em decisão marcada por polêmica após a queda do alambrado em São Januário e o término da competição apenas em 2001, em um jogo no Maracanã.

Na elite do Campeonato Brasileiro, o Azulão foi finalista novamente em 2001, sendo derrotado pelo Athletico na decisão. A boa campanha rendeu uma vaga na Libertadores da América. Em 2002, o São Caetano chegou à final com um time forte comandado pelo técnico Jair Picerni e eliminou os tradicionais Universidad Católica, Peñarol e América do México até a final contra o Olimpia.

Eram tempos em que o Azulão disputava reforços com clubes grandes (e conseguia levar vantagem), como o volante Marcos Senna, ex-Corinthians, e o centroavante Somália, ex-América-MG. O título escapou por pouco: depois de vencer por 1 a 0 o jogo de ida, no Paraguai, o São Caetano saiu na frente no Pacaembu, com gol de Ailton, mas viu o Olimpia se impor e virar para 2 a 1, levando a decisão aos pênaltis.

Naquela noite, o Azulão jogou com: Silvio Luiz, Russo, Dininho, Daniel e Rubens Cardoso; Marcos Senna, Ailton e Adãozinho; Robert, Somália e Anailson. Nos pênaltis, Marlon e Serginho, que tinham entrado no decorrer do jogo, erraram as cobranças decisivas.

Do outro lado, os mais conhecidos eram o goleiro Tavarelli e o meio-campista Orteman, herói da final. Ambos teriam passagens futuras pelo futebol brasileiro, no Grêmio. Depois da dura derrota, um suspiro: comandado por Muricy Ramalho, o clube do ABC foi campeão paulista em 2004, vencendo na final o Paulista de Jundiaí.