Como um corte de cabelo virou um escândalo na seleção Argentina em 1998?

Em 1998, a seleção da Argentina se envolveu em uma grande polêmica envolvendo os jogadores com cabelos longos, que era uma moda em solo argentino. Ali era o ponto inicial para convocação dos atletas que representariam o país na Copa do Mundo sediada na França. Mas que a estratégia do técnico Daniel Passarella para definir os convocados para o torneio da Fifa gerou uma repercussão negativa e uma explicação pouco convincente do treinador.

Passarella costumava impor certas regras em suas equipes. E, em 1995, havia feito proibições ao uso de brincos e tiaras pelos atletas da Argentina.

Em em uma entrevista polêmica à revista “El Gráfico”, afirmou que não convocaria um jogador homossexual. Mas mesmo assim não chegou a repercutir tão negativamente como o veto dos “cabeludos”.

Os cabelos longos dos argentinos era uma forma de reagir ao poder militar, simbolizando a rebeldia frente ao regime dos generais. Além de ser uma influência do rock, gênero musical mais ouvido no país na época.

O veto as cabeludos da Argentina

E em 1998, a Argentina contava com um grande número de jogadores com cabelos compridos, porque, tradicionalmente, os ídolos do futebol argentino usavam cabeleiras e isso acabava por influenciar a geração da época. Além disso, a explicação de Passarella para o veto não foi nada convincente.

“Os cabelos longos são perigosos porque os jogadores se distraem durante as partidas, já que ficam mexendo neles toda hora”.

Juan Pablo Sorín, Eduardo Coudet, Ariel Ortega e até Gabriel Batistuta acataram o pedido do chefe e não quiseram arriscar a oportunidade de defender a Argentina no Mundial da França.

Mas Fernando Redondo e Claudio Caniggia não obedeceram a ordem de Passarella. Os jogadores eram os grandes talentos argentinos da época e o tema virou assunto nacional.

Batistuta aparou as pontas para agradar Passarela e foi convocado para Copa. Caniggia acabou cedendo aos caprichos do chefe, mas Redondo se manteve fiel a sua palavra de não se curvar ao treinador e não viajou à França. Uma vez que além de Passarella exigi-lo o corte de cabelo, queria que o volante jogasse em uma posição que não era de seu agrado, o que acabou deixando o atleta fora da lista final.

“Ele falou uma coisa para mim e disse outra ao se manifestar em público. Mentiu e depois afirmou que era eu o mentiroso. Passarella não me inspira confiança. É capaz de qualquer coisa”, disse.

“Por culpa dele vou perder algo muito importante. Mas não me arrependo. Não foi fácil, mas estou tranquilo. Queria o Mundial, mas não assim, a qualquer preço”, disse Redondo que na época defendia o Real Madrid, aos 28 anos, e tinha sido campeão da Europa naquele ano.