Uma das grandes preocupações quanto a realização da Copa do Mundo 2014 no Brasil era com relação ao legado que seria deixado pelo principal torneio de futebol do planeta ao país. Porém, o que vimos foram arenas superfaturadas, obras de infraestrutura que não ficaram prontas até hoje e mais uma série de problemas que, digamos, “enfraquecem” esse legado. Mas, de lá para cá, como ficou a utilização e manutenção dos estádios que serviram como palco para as partidas do Mundial?
Algumas arenas são bem utilizadas, recebem diversos jogos e ainda servem como palco de shows e outras atrações, gerando receita e movimentando as grandiosas estruturas. Um dos principais estádios que fizeram parte da Copa do Mundo 2014, o Mineirão abrigou títulos nacionais e internacionais nos últimos anos, com Cruzeiro e Atlético-MG em alta.
Mas o estádio vive período de ostracismo em relação a eventos esportivos. O Gigante da Pampulha, um dos grandes símbolos do futebol no Brasil há quase 60 anos, sediou apenas três jogos entre janeiro e março de 2023.
O Mineirão foi o estádio que menos recebeu jogos profissionais, de futebol masculino e feminino, considerando as 12 sedes da Copa do Mundo de 2014. A principal casa do futebol de Minas Gerais, assim como outras arenas, passou por grande modernização visando ao torneio.
O Maracanã lidera a lista dos estádios mais utilizados, com 17 jogos em menos de três meses de temporada, somando compromissos de Flamengo, Fluminense e Vasco. Arena Amazônia e Mané Garrincha vêm logo na sequência, com 11 jogos cada.
Detalhe é que o estádio de Brasília recebeu apenas dois jogos entre equipes do Distrito Federal. Os demais foram de times de fora, com mandos de Boavista, Bangu, Nova Iguaçu, Botafogo, América-MG e Trem-AP, além do duelo entre Palmeiras e Flamengo, com mando da CBF, em duelo da Supercopa do Brasil.
O Castelão e a Arena das Dunas passaram por um longo período sem receber quaisquer eventos em função de reformas no gramado. O estádio em Fortaleza ficou fechado entre 14 de novembro do ano passado e 28 de fevereiro de 2023; a arena no Rio Grande do Norte ficou sem operação entre 6 de janeiro e 12 de fevereiro.
Neste ano, apenas o Beira-Rio e a Neo Química Arena, entre as arenas de Copa do Mundo, receberam compromissos do futebol feminino. Ambos foram jogos do Internacional e do Corinthians pela Supercopa do Brasil.
Por que o Mineirão tem recebido poucos jogos desde a Copa 2014?
Em relação ao Mineirão, o pequeno número de jogos se deve, principalmente, ao litígio com o Cruzeiro. O clube, sob gestão de Ronaldo Fenômeno, vem buscando, desde o ano passado, melhores condições financeiras para mandar partidas no local. Sem sucesso nas conversas com a Minas Arena, administradora do Mineirão, assinou contrato para ter o Independência como principal casa nesta temporada, mas levou jogos do Mineiro para Sete Lagoas e Cariacica. Brasília está no radar para situações pontuais no decorrer do ano.
O Atlético-MG, que está em vias de inaugurar a Arena MRV, tem optado por mandar apenas jogos de maior apelo no Mineirão, também pelo aspecto financeiro. Neste ano, foi o autor dos únicos três jogos no estádio: o clássico com o América-MG, pelo Mineiro, e os duelos com Carabobo e Millonarios, na Libertadores. A decisão do Estadual e a fase de grupos da competição internacional serão disputadas no Gigante da Pampulha.
Outro fator que tem incomodado Cruzeiro e Atlético, desde o ano passado, é o bloqueio de datas no Mineirão por conta de eventos culturais. Em alguns casos, jogos não podem ser realizados no estádio. Em outros, não é possível utilização de toda a arquibancada, como ocorreu em Atlético x Millonarios.
A alegação da Minas Arena é de que, como não há contrato assinado com os clubes para jogos no local (são realizados acordos pontuais), a administração preenche a agenda com show e demais eventos que são planejados com antecedência. Em meio às polêmicas recentes com o Cruzeiro, a concessionária também criou uma página em seu site oficial com o intuito de explicar os custos do estádio, bem como outras situações envolvendo a administração.