Você que esta lendo essa reportagem certamente tem – ou deveria ter – um LinkedIn, uma espécie de rede social para unir empresas e profissionais, onde os trabalhadores expõem suas qualificações e os empregadores buscam os perfis que melhor se encaixam nas vagas de emprego que enventualmente são disponibilizadas. Milhões de empregos são gerados com o intermédio da plataforma e no Brasil não é diferente, onde a ferramenta também faz sucesso.
Mas o que chamou atenção recentemente é o tipo de vaga de emprego que foi oferecida no LinkedIn recentemente. Uma vaga, digamos, um tanto quanto específica e cobiçada. A de técnico da seleção da Bélgica de futebol masculino, simplesmente o cargo de comandante da seleção que eliminou o Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo 2018.
Então, se você é um treinador de futebol com experiência em lidar com jogadores de primeiro escalão, habilidades na construção de um grupo unido e com integração de jovens e especialista em táticas e tomadas de decisões a partir de dados e tecnologia, favor enviar currículo para o e-mail [email protected] até o dia 10 de janeiro.
O texto acima é um resumo do anúncio publicado na semana passada pela RBFA (Royal Belgian Football Association), em seu LinkedIn, site oficial e outras redes sociais. Sim, a seleção belga está com um processo seletivo de recrutamento em andamento e decidiu torná-lo público para todos os interessados.
Você teria as qualificações necessárias para concorrer à vaga de emprego de treinador da seleção da Bélgica?
A vaga para qual a entidade está contratando não é a de treinador de alguma das suas mais variadas seleções de base ou de algum integrante “menos sênior” da comissão técnica da equipe adulta.
Os currículos que a Federação Belga está recebendo são para o cargo mais importante que o órgão pode oferecer: o de responsável por comandar a seleção principal e liderar alguns dos principais craques do planeta, como o goleiro Thibaut Courtois (Real Madrid), o meia Kevin de Bruyne (Manchester City) e o centroavante Romelu Lukaku (Inter de Milão).
A Bélgica está sem técnico desde o dia 1º de dezembro. Logo após o empate sem gols contra a Croácia, que decretou a eliminação do time na primeira fase da Copa do Mundo do Qatar-2022, o técnico Roberto Martínez já anunciou que deixaria o cargo.
O espanhol ficou no cargo durante seis anos e meio, período em que transformou os belgas em uma das seleções da prateleira de cima do futebol mundial. Durante a maior parte do último ciclo, a equipe europeia ocupou a liderança do ranking da Fifa, um feito inédito para o país.
Por isso, a campanha no Oriente Médio foi tão decepcionante. A Bélgica só ganhou um dos três jogos que disputou (1 a 0 contra o Canadá, na estreia, e, mesmo assim, passando um sufoco danado) e teve seu pior desempenho em Mundiais neste século.
A passagem belga pela Copa-2022 também ficou marcada pelo desentendimento público entre os jogadores de ataque e os defensores. Os integrantes de um grupo reclamaram que os participantes do outro setor já não rendiam como antes por estarem velhos e vice-versa.
Talvez por isso, uma das habilidades requeridas no anúncio de “temos vaga” postado pela RBFA no LinkedIn é justamente a de conseguir formar um grupo coeso, em que o coletivo fale mais alto que os interesses individuais.
A publicação também ressalta que, apesar de ter sido toda escrita no masculino, não é exclusiva para treinadores homens e que candidaturas de mulheres e profissional de gênero neutro também serão consideradas.