Em uma decisão sem precedentes, a Audiência Provincial de Valladolid, na Espanha, condenou cinco torcedores do Valladolid a um ano de prisão por insultos racistas dirigidos ao jogador brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid. A sentença, proferida na última quarta-feira, enquadrou o caso como “crime de ódio”, uma novidade no sistema judiciário espanhol.
Até então, casos de racismo e discriminação eram tratados como “crimes contra a integridade moral”, com agravantes de racismo. No entanto, o tribunal de Valladolid abriu um precedente ao afirmar que tais atos discriminatórios configuram “crime de ódio”, conforme o artigo 510.2 A do Código Penal espanhol.
A decisão judicial representa um marco na luta contra o racismo no esporte na Espanha. Ao classificar insultos racistas como crime de ódio, a sentença reforça a mensagem de que a intolerância não tem lugar no futebol. A LaLiga, em comunicado, destacou a importância dessa decisão para a erradicação do racismo nos estádios.
Os cinco torcedores condenados receberam uma pena de um ano de prisão e uma multa de até 10 mil euros. Além disso, estão proibidos de exercer profissões ou atividades educativas nos âmbitos docente, esportivo e de lazer por quatro anos. No entanto, a sentença é “suspensa”, o que significa que os condenados não irão para a prisão automaticamente.
Para evitar a prisão, os condenados devem cumprir duas condições: não cometer novos delitos pelo período de três anos e não comparecer a estádios de futebol para jogos de alcance nacional durante o mesmo período. Essa abordagem visa garantir que os indivíduos não reincidam em comportamentos discriminatórios.
Relembrando o incidente
O caso ocorreu durante uma partida no Estádio José Zorrilla, em dezembro de 2022, quando torcedores proferiram insultos racistas contra Vinícius Júnior. Os ataques verbais foram capturados em vídeo e amplamente divulgados nas redes sociais, gerando indignação e debates sobre o racismo no futebol.
Vinícius Júnior, que também é jogador da Seleção Brasileira, expressou sua frustração nas redes sociais, destacando a falta de ação por parte das autoridades do futebol. O jogador renunciou a qualquer compensação financeira relacionada ao caso, focando na importância de combater o racismo de forma efetiva.
