Levar um cartão vermelho em uma partida de futebol geralmente é uma vergonha absurda para o jogador, que deixará a equipe com apenas 10 atletas em campo. No entanto, apesar de incomum, algumas vezes a expulsão é utilizada como estratégia para classificação. Sendo assim, confira 5 vezes em que jogadores foram expulsos para classificar o próprio time.
Não são raras as vezes em que uma equipe adversária arma um contra-ataque e está prestes a marcar um gol quando um defensor faz a falta para matar a jogada. Nessas condições, dependendo do setor onde a falta acontece, e se ela é cometida pelo último homem antes do goleiro, a expulsão é certa.
No entanto, o que vale mais a pena: deixar o seu time com um homem a menos em campo e manter as chances de se classificar e ser campeão de um campeonato, ou tomar um gol e ver todo o esforço ir por água abaixo? Esse é um debate que envolve ainda a ética e o perigo da falta – mas que muitas vezes, é usada como pura estratégia.
Pensando nisso, separamos para você 3 momentos em que jogadores foram expulsos para salvar e classificar o próprio time. Confira:
Ole Gunnar Solskjær – Manchester United vs Newcastle
Uma das expulsões mais emblemáticas do futebol internacional é sem sombra de dúvidas a do atacante Ole Gunnar Solskjaer, do Manchester United, contra o Newcastle. Essa foi uma das vezes em que um jogador foi expulso para classificar o próprio time – mas que não acabou com um final tão feliz para os Red Devils.
Na temporada 1997/1998 da Premier League, o Manchester United de Alex Ferguson e o Arsenal de Arsene Wenger estavam na briga pelo título. Na 35ª rodada do campeonato, os Red Devils encararam o Newcastle no Old Trafford e não podiam perder se quisessem manter as chances de serem campeões, uma vez que estavam a apenas 2 pontos do Arsenal, líder da competição até então.
Com 1 a 1 no placar, depois de uma bola afastada pela defesa, o jogador do Newcastle se mandou livre para o ataque e está prestes a ficar cara a cara com o goleiro. É então que Solskjaer, que estava na área quando a bola foi rebatida, correu meio campo para impedir que o United tomasse o segundo gol e veja a chance do título ficar ainda mais longe.
O norueguês fez uma falta precisa no jogador, mas como era o último homem antes do goleiro, levou o vermelho direto. A expulsão, no entanto, garantiu o 1 a 1 no placar e evitou que o United se distanciasse ainda mais do líder da Premier League. Apesar do esforço, naquela temporada os Red Devils terminaram na segunda colocação.
Federico Valverde – Real Madrid x Atlético de Madrid
Se com Solskjaer o cartão vermelho não ajudou o United a conquistar o título, com Federico Valverde a situação foi diferente. O atacante uruguaio, sonho de Arrascaeta, ex-Raposa, no Flamengo, garantiu ao Real Madrid o título da Supercopa da Espanha em 2020, após ter sido expulso contra o Atlético de Madrid.
A Supercopa da Espanha é o confronto entre o atual vencedor da La Liga e da Copa do Rey. Em 2020, Real Madrid e Atlético de Madrid se enfrentaram e levaram um empate de 0 a 0 para a prorrogação. Foi quando aos 10 minutos da segunda etapa do prolongamento, o atacante Morata ia ficando livre de frente com o goleiro Courtois.
Valverde, então, sem nenhuma chance de bola, dá uma tesoura precisa nas pernas do atacante ainda fora da área e acaba sendo expulso. O jogador nem chega a reclamar com o juiz, ciente de que simplesmente acabou com a jogada. No entanto, ainda encarou o argentino Ángel Correa face a face antes de deixar o campo.
Aquela partida acabou indo para os pênaltis, depois de um 0 a 0 no tempo normal e prorrogação. Nas cobranças, o Real Madrid se deu melhor e venceu a Supercopa da Espanha. Méritos também para Valverde que, com a expulsão, evitou o gol do Atlético de Madrid – e ainda recebeu elogios de Simeone, o próprio treinador do Atlético, em entrevistas posteriores.
Luís Suárez – Uruguai x Gana
Um dos lances mais memoráveis de jogadores que foram expulsos para classificar o próprio time sem sombra de dúvidas é o Luis Suárez, na partida entre Uruguai x Gana pela Copa do Mundo de 2010. O atacante, que inclusive quase foi reforço do Flamengo enquanto jovem, deu uma de goleiro em uma das cenas mais marcantes daquele Mundial.
Nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010, Uruguai e Gana estavam fazendo um jogo bem equilibrado. Os ganeses haviam saído à frente no placar e tomaram um gol de empate no segundo tempo, que acabou levando a partida para a prorrogação. Foi então que no último minuto do segundo tempo extra, o inusitado aconteceu.
Em um bate-rebate dentro da área, o jogador de Gana cabeceia em direção ao gol já sem goleiro. Luís Suárez, para evitar a vitória da equipe ganesa e a desclassificação do Uruguai, coloca a mão na bola e é expulso de campo – inclusive reclamando com o juiz pelo vermelho. No entanto, o atacante acaba virando um herói improvável.
Isso porque o atacante Gyan mete a bola na trave na cobrança e a partida acaba indo para os pênaltis. E nos pênaltis, a história foi outra: Uruguai classificado para a semifinal da Copa do Mundo de 2010 graças a mão de Suárez, que evitou o gol da equipe ganesa. Posteriormente, os uruguaios terminaram na terceira colocação do Mundial.
Ser expulso para classificar o próprio time é errado?
Lances como esses geram discussões até os dias de hoje. Afinal de contas, um jogador ser expulso para classificar o próprio time em uma competição, ou mantê-lo vivo em um campeonato, é errado? Pode ser considerado anti jogo?
Para alguns, lances como o de Valverde e Solskjaer são repreendidos por serem vistos como perigosos, sobretudo para os jogadores que sofrem a falta. Para outros, no entanto, são encarados como estratégias possíveis – às vezes até mesmo sacrifícios, visto o vermelho evidente.