O futebol é cíclico. Quem hoje está em baixa, amanhã pode estar sob os holofotes. O contrário também ocorre. Quem antes era a sensação do futebol brasileiro, hoje amarga o ostracismo e inúmeras dificuldades. Um exemplo desse segundo caso é o Audax-SP, vice-campeão Paulista em 2016 – em time comandado por Fernando Diniz – e que atualmente acabou de ser rebaixado para a quarta e última divisão do estadual de São Paulo.
O que pode explicar quatro rebaixamentos em apenas sete anos?
Fundado em 1985, o Audax-SP tem 37 anos de existência (faz aniversário em dezembro). A primeira aparição na elite do mais disputado estadual do país aconteceu só em 2014. Desde então, o clube viveu o auge dois anos depois e, na sequência, colecionou fracassos.
O aumento dos custos, a falta de profissionalização da gestão do futebol e a diminuição dos investimentos ao longo dos anos foram minando as chances de recuperação do Audax diante do primeiro grande golpe sofrido pelo clube, rebaixado no ano seguinte ao vice-campeonato estadual.
“Quase ganhar o Paulistão e ficar conhecido no Brasil pela forma de jogar foi algo incrível, mas desestruturou o clube no curto/médio prazo. Os melhores jogadores saíram e os que ficaram tiveram que ser valorizados, bem como a comissão técnica. Após o vice-campeonato, os gastos do clube subiram muito”, explicou Gustavo Teixeira, filho do ex-banqueiro Mário Teixeira, mecenas do Audax.
“E, infelizmente, os resultados desportivos não acompanharam. Logo no ano seguinte, gastando o dobro do que foi gasto no vice-campeonato, o time caiu. Então diria que a queda para a A2 foi outro duro golpe que tivemos, pois perdemos a receita da televisão que era importantíssima para mantermos uma equipe de nível bom”, completou Gustavo Teixeira.
Gustavo deixa claro que a família Teixeira não é dona do Audax, pois nunca vislumbrou ter lucros no comando da Associação mantenedora do clube. Segundo ele, o objetivo sempre foi apoiar com dinheiro as atividades do clube, além de investir nas categorias de base em busca de revelar talentos para o futebol brasileiro.
Para chegar na decisão do título, que acabou sendo conquistado pelo Santos, o Audax eliminou Corinthians e São Paulo no estadual de 2016. Além de Fernando Diniz, o time de Osasco tinha no elenco nomes como Tchê Tchê, Camacho, Sidão, Felipe Alves, Ytalo, entre outros.
As últimas sete campanhas do Audax no Campeonato Paulista:
2016: vice-campeão paulista
2017: rebaixado para a Série A2
2018: rebaixado para a Série A3
2019: campeão da Série A3
2020: 13º colocado da Série A2
2021: 14ª colocado da Série A2
2022: rebaixado para a Série A3
2023: rebaixado para a 4ª divisão
O futuro do Audax-SP no futebol brasileiro
Se o Audax-SP não caminha bem, o xará do Rio de Janeiro tem colhido bons resultados nos últimos anos no Campeonato Carioca. Neste ano, o clube disputa a semifinal da Taça Rio e busca uma vaga na Copa do Brasil no próximo ano.
Além das duas filiais do Audax, a família Teixeira chegou em determinando momento a manter ou investir em outros três times: Osasco, Grêmio Osasco e Oeste, este último até cedendo o técnico Fernando Diniz e alguns jogadores para a disputa da Série B do Brasileiro em 2016.
A família Teixeira, que mantém também o Audax no Rio de Janeiro, deve seguir ajudando o clube. O grande objetivo é tornar o futebol autossustentável e independente do aporte financeiro. Na quarta divisão de São Paulo, por exemplo, os clubes não recebem qualquer cota da Federação Paulista de Futebol pela participação na primeira fase do estadual.
“Quanto ao futuro, o meu objetivo é fazer com que o clube seja autossustentável e não dependa dos recursos da minha família para sobreviver. Para isso, precisamos investir fortemente na base. Pegar aquele jovem desconhecido, prepará-lo e colocá-lo numa equipe de maior expressão. Isso é o futuro”, finalizou Gustavo Teixeira.
O empresário se apega ao fato de o Audax ter tido três jogadores que passaram pela base convocados para a Copa do Mundo do Catar. Bruno Guimarães, Antony e Raphinha tiveram formação no clube de Osasco.