No ano de 2003, os amantes do futebol brasileiro assistiram um duelo fora dos campos. A emissora Globo e a concorrente SBT se enfrentaram em um embate judicial pelos direitos de transmissão do Campeonato Paulista. A disputa aconteceu em um contexto onde os canais de televisão buscavam tornar-se relevantes na cobertura dos jogos, rompendo o monopólio da Globo.
Foi um período marcante para os telespectadores e para o universo do futebol. Afinal, milhões de pessoas sintonizam suas TVs para acompanhar as partidas. A poderosa emissora Globo se encontrava em uma posição confortável, com décadas de transmissões esportivas ao vivo, enquanto o SBT buscava sua chance de entrar nesse mercado lucrativo.
O embate começou quando, em 2002, a Globo recusou a proposta da Federação Paulista de Futebol (FPF), que queria R$ 12 milhões pelo torneio. A FPF ofereceu o mesmo valor ao SBT, mas com um pacote que incluía dez jogos a mais e o direito de exclusividade.
Silvio Santos, dono do SBT, aceitou a oferta e anunciou em comunicado o fim da fase monopolista do futebol brasileiro. A FPF deu um prazo para a Globo decidir se igualaria a oferta, e os direitos de transmissão acabaram indo para o SBT.
O que aconteceu?
O SBT planejava transmitir quatro jogos por semana, incluindo duas partidas no sábado e uma no domingo. No entanto, a Globo recorreu à justiça e começou uma verdadeira guerra pelos direitos de transmissão do campeonato.
A disputa se acirrou quando a Globo decidiu transmitir a partida entre Santo André e Santos, apesar de não ter autorização. Essa atitude levou a um impasse judicial, com diversas liminares sendo concedidas e revogadas.
A Globo teve de tomar decisões inusitadas, como cortar 10 minutos do Jornal Nacional e 40 minutos da novela Mulheres Apaixonadas, para transmitir os jogos. Da mesma forma, o SBT realizou movimentos ousados, como o empréstimo de Luciano do Valle, locutor da Band, para transmitir as partidas.