Com a recente parceria do Santos, soma-se agora 11 arenas brasileiras com naming rights, sete delas firmadas nos últimos 15 meses. Esse movimento reflete uma nova mentalidade comercial no futebol brasileiro, onde os estádios, tradicionalmente conhecidos por seus nomes históricos, passam a adotar marcas corporativas.
Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, destaca a enorme quantidade de oportunidades comerciais criadas por esses contratos. Ele observa que os clubes, anteriormente relutantes em mudar o nome de seus estádios tradicionais, estão abraçando essa possibilidade como uma nova fonte de receita.
O que são Naming Rights?
Os contratos de naming rights para estádios chegaram ao Brasil em 2005, com a transformação da Arena da Baixada em Kyocera Arena. Porém, a prática se consolidou somente após a Copa do Mundo de 2014, com a construção de novas arenas. Desde então, várias parcerias foram firmadas, beneficiando tanto a infraestrutura quanto a visibilidade dos clubes.
Estádios são ativos valiosos e a venda dos naming rights proporciona uma receita significativa, algo que pode ser comparado ao que já acontece em esportes americanos. Conforme explicado por Ivan Martinho, professor de marketing da ESPM, essa receita pode ser fundamental para o desenvolvimento das experiências oferecidas aos fãs.
Como Funciona a Venda de Naming Rights?
Os contratos de naming rights podem variar em valores e durações, dependendo do clube e da empresa envolvida. Por exemplo, o contrato mais antigo é do Palmeiras, que firmou acordo com a Allianz em 2013. Outros exemplos incluem o Atlético-MG com a MRV em 2017 e o Corinthians com a Neo Química em 2020.
Os benefícios dos naming rights vão além do aporte financeiro. Eles ajudam na construção da marca do estádio e promovem uma identidade desde o início. Anderson Nunes, Head de Negócios da Casa de Apostas, que tem naming rights da Arena Fonte Nova e Arena das Dunas, destaca a importância de criar uma identidade clara e forte desde o início do contrato.
Principais Acordos de Naming Rights no Brasil
- Mercado Livre Arena Pacaembu – R$ 1 bilhão por 30 anos (R$ 33,3 milhões por ano)
- Vila Viva Sorte (Santos) – R$ 150 milhões por 10 anos (R$ 15 milhões por ano)
- Morumbis (São Paulo) – R$ 75 milhões por 3 anos (R$ 25 milhões por ano)
- Allianz Parque (Palmeiras) – R$ 300 milhões por 20 anos (R$ 15 milhões por ano)
- Neo Química Arena (Corinthians) – R$ 300 milhões por 20 anos (R$ 15 milhões por ano)
- Ligga Arena (Athletico-PR) – R$ 200 milhões por 15 anos (R$ 13,3 milhões por ano)
- Casa de Apostas Arena Fonte Nova – R$ 52 milhões por 4 anos (R$ 13 milhões por ano)
- Arena MRV (Atlético MG) – R$ 71,8 milhões por 10 anos
- Arena BRB Mané Garrincha – R$ 7,5 milhões por 3 anos (R$ 2,5 milhões por ano)
- Casa de Apostas Arena das Dunas – R$ 6 milhões por 5 anos (R$ 1,2 milhões por ano)
- Arena Nicnet (Botafogo-SP) – R$ 6 milhões por 5 anos (R$ 1,2 milhões por ano)
Por Que Empresas Investem em Naming Rights?
A prática de adquirir naming rights vai além do investimento financeiro. Empresas que se associam a estádios não apenas aumentam sua visibilidade, mas também constroem uma forte presença de marca. Esse investimento cria uma conexão emocional com os torcedores, o que pode ser altamente benéfico para a imagem e percepção da empresa.
Para o Flamengo, que recentemente adquiriu o terreno do Gasômetro para a construção de seu futuro estádio, a estratégia de naming rights é vista como um passo crucial. O clube já visualiza acordos com grandes empresas ou fundos interessados em apoiar a construção, que está prevista para terminar em 2028.
Renê Salviano, especialista em gestão esportiva, aponta que vender naming rights para arenas ainda em construção é mais vantajoso. Isso permite que o nome do patrocinador seja incorporado de forma eficaz na comunicação pública e midiática desde a concepção do estádio.
Com mais clubes adotando essa prática, o mercado de naming rights no Brasil tende a crescer. É um cenário que aponta para uma maturidade crescente no gerenciamento dos ativos esportivos, beneficiando tanto os clubes quanto os patrocinadores envolvidos. A nova mentalidade comercial trazida pelos naming rights promete transformar a forma como vemos e interagimos com os estádios, consolidando uma era onde tradição e inovação caminham juntas.