À exceção do Campeonato Paulista, que é considerado o estadual mais forte do Brasil, outros campeonatos estaduais e regionais têm perdido espaço e atratividade entre torcedores, jogadores e clubes. Mas engana-se quem pensa que os problemas aparecem apenas depois do início das disputas. Esta aí o Campeonato Mineiro para provar o contrário.
Nesta segunda-feira, 16 de janeiro, rolou mais um capítulo da confusão no futebol mineiro. Em julgamento realizado no Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais (TJD-MG), ficou decidido, em segunda instância, o indeferimento do pedido do Betim Futebol em relação à denúncia de escalação irregular de jogadores do Ipatinga no Módulo II do Campeonato Mineiro de 2022, quando o time do interior conseguiu a vaga à elite estadual.
O time da Grande BH queria os pontos do rival, pois ficou atrás do Ipatinga na classificação final da segunda divisão estadual. Com a derrota, o Betim, agora, recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Apesar do resultado no Tribunal Estadual, o Campeonato Mineiro segue suspenso graças a uma liminar no STJD, que pode ser derrubada ainda esta semana, caso o Pleno do Tribunal derrube a liminar concedida ao Betim. O Estadual de Minas está previsto para começar no dia 21 de janeiro.
Entenda o caso que está paralisando o Campeonato Mineiro antes mesmo de seu início
Tudo começou em setembro do ano passado, quando o Betim denunciou o Ipatinga, vice-campeão do Módulo II, ao TJD-MG, afirmando que o time do Vale do Aço estaria irregular com as obrigações trabalhistas com seu elen co, não assinando a carteira de trabalho de quatro jogadores para a disputa do torneio, o que se configuraria uma infração esportiva.
O Tigre teria infringido o artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por falsificar a assinatura de documentos. Só que no julgamento no TJD-MG, desta segunda-feira, o Ipatinga foi absolvido.
No fim de 2022, em dezembro, o TJD-MG não acatou a denúncia do Betim em primeira instância, garantindo o Ipatinga na elite de Minas. O tribunal mineiro afirmou que o caso deveria ser analisado pela Comissão Nacional de Resoluções Desportivas (CRND), órgão colegiado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Assim, o Betim entrou com recurso, todavia, o TJD-MG entrou em recesso, que iria até 22 de janeiro, um dia após a bola rolar no estadual. Nesse contexto, o Betim foi ao STJD, que suspendeu o Campeonato Mineiro, alegando que o TJD-MG teria agido de má-fé para não se responsabilizar pelo acesso do Betim e não classificação do Ipatinga.
“Vindicou por isso, liminar deste STJD, no sentido de que se imponha ao tribunal local, a marcação de sessão extraordinária, durante o recesso, para julgamento de seu recurso; ou que se avoquem os autos para julgamento do recurso por este sodalício diante da morosidade; ou ainda, que se determine a suspensão do campeonato para o ano de 2023”, dizia a liminar do STJD.
Com toda a confusão armada e com o risco do campeonato não começar, mesmo em recesso, o TJD-MG convocou uma audiência extraordinária para julgar, em segunda instância, o caso, dando vitória ao Ipatinga.