Inegavelmente a moderna Arena do Grêmio deu um salto de qualidade no Tricolor Gaúcho. Grandes conquistas, como a Libertadores de 2017, foram conquistadas já na nova casa. No entanto, os gremistas mais saudosistas certamente sinda não “desapegaram” do icônico Estádio Olímpico Monumental, que foi a casa do Imortal por décadas e palco de partidas e conquistas memoráveis.
Mas o que sobrou do Olímpico Monumental são escombros, ruínas – e as memórias que ajudaram a construir um dos maiores clubes do Brasil. Faz praticamente dez anos que o Grêmio se despediu de sua antiga casa. E ela segue lá, cravada na Azenha, um bairro de comércio farto, prédios pequenos e trânsito intenso em uma região central de Porto Alegre.
Mas o que resta é um cenário muito diferente. O palco de tantas conquistas virou um monumento abandonado, à espera da demolição, enquanto seu destino pende sob uma disputa de bastidores entre o clube, uma construtora e a Prefeitura da capital gaúcha.
O abandono da antiga casa do Grêmio
Sob um lance de arquibancada visível graças à derrubada de uma parede, é possível ver um cemitério de vasos sanitários – que antes ocupavam os banheiros do estádio. Um pouco adiante, um matagal toma conta da área dos antigos campos suplementares, onde treinavam os jogadores – onde foram criados craques como Renato Portaluppi e Ronaldinho Gaúcho, onde treinadores como Luiz Felipe Scolari e Telê Santana montaram equipes.
A destruição está em toda parte. Circulando pelo Olímpico, é possível ver paredes derrubadas, salas inteiras eliminadas, vidros, grades e portões retirados. Pedaços de ferro e de concreto pendem da estrutura. Por frestas, vê-se um pedaço do campo com o mato alto, um canto vazio de arquibancada.
É o Grêmio quem ainda toma conta da área, que tira cerca de R$ 100 mil mensais das contas tricolores. Os portões estão todos fechados com cadeado – a entrada é proibida. O clube tem 13 pessoas trabalhando no local, entre seguranças e responsáveis por manutenção. A presença de funcionários se tornou necessária pelas invasões ao estádio, que já foram mais frequentes, mas ainda acontecem.
“À noite, você não consegue impedir as invasões. Tem gente que vai lá e dorme. Tem gente que toma aquele lugar para fazer um cantinho de uso de drogas”, lamentou o presidente do Grêmio.
A situação machuca os gremistas. E por um motivo muito simples: eles adoravam aquele estádio. No dia 2 de dezembro de 2012, um Gre-Nal marcou o que deveria ter sido o último jogo do Olímpico. Encerrado o clássico, um empate por 0 a 0, os torcedores não arredavam pé das arquibancadas. Cantavam, aplaudiam, olhavam em volta. E muitos, aos montes, choravam sem parar – como se estivessem se despedindo de um ente querido, de um amigo de velha data.
Acabou que o Olímpico recebeu outros quatro jogos em 2013, já intercalados com a Arena. No dia 17 de fevereiro de 2013, o Grêmio efetivamente fez sua última partida no estádio: uma vitória de 1 a 0 sobre o Veranópolis, com gol do zagueiro Werley, pelo Campeonato Gaúcho.