No dia 19 de dezembro de 1983, a Taça Jules Rimet, conquistada pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, foi roubada no prédio da CBF na Rua da Alfândega, 70, centro do Rio de Janeiro. Essa Foi a segunda vez que a Taça foi roubada. Antes disso, ela já havia sido roubada no ano de 1966, em Londres e foi achada dias depois por um cachorro, Pickles.
O roubo de 1983 foi de grande impacto para a população brasileira, pois a Taça era um dos maiores símbolos do “orgulho nacional”. A Polícia Federal foi mobilizada para a procura do objeto, que tinha aproximadamente 3,8 quilos de ouro e na época o objeto poderia valer até 18 milhões de cruzeiros, o que nos dias de hoje equivale a mais de R$ 189 mil.
Em 31 de março de 1988, os criminosos responsáveis pelo roubo da taça Jules Rimet foram julgados e condenados. Sérgio Peralta, Chico Barbudo e Luiz Bigode receberam sentenças de 9 anos de prisão, enquanto Juan Carlos Hernandez foi condenado a três anos. No entanto, logo após a condenação, os criminosos conseguiram fugir.
Chico Barbudo, que ficou foragido, teve sua pena revista após uma apelação bem-sucedida. Enquanto aguardava julgamento em liberdade, ele foi tragicamente assassinado a tiros por cinco homens em um bar, em Santo Cristo, no dia 28 de setembro de 1989.
Outra pessoa envolvida no caso, Antônio Setta, conhecido como Broa, faleceu em um acidente de carro próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas em 3 de dezembro de 1985, antes de prestar depoimento em uma audiência. Há suspeitas de que ambos os óbitos possam ter sido queima de arquivo.
Sérgio Peralta, por sua vez, conseguiu fugir da pensão onde morava e encontrou emprego como caseiro para o empresário de futebol Rubens Peres, em Cabo Frio. Ninguém desconfiava de sua participação no roubo da taça, e ele levava uma vida aparentemente normal, contando com a amizade de policiais e vizinhos.
Ele foi finalmente preso em 13 de julho de 1994, após um mandado de prisão emitido pelo juiz Leomil Antunes Pinheiro. Durante seu período na prisão, conheceu Waldemir Garcia, conhecido como “Miro”, um contraventor que o ajudou a conseguir um advogado.
Peralta acabou obtendo liberdade condicional em setembro de 1998. Luiz Bigode foi preso em 1995, cumprindo pena em Bangu e, posteriormente, na Colônia Agrícola de Magé até 1998. Atualmente, vive no Rio de Janeiro e não concede entrevistas.
Juan Carlos Hernandez, o receptador da taça, foi preso em 1998 em São Paulo, portando uma grande quantidade de cocaína. Ele ficou detido até 21 de março de 2005, quando obteve liberdade condicional, mas sua pena foi relacionada ao tráfico de drogas, e não ao roubo da taça.
Sérgio Peralta, o mandante do crime, enfrentava problemas de saúde devido a um coração dilatado. Depois de deixar a prisão, ele tornou-se empregado na casa de Miro, em Jacarepaguá, sendo evitado por sua própria família. Nos últimos dias de sua vida, retornou à rua Nabuco de Freitas, onde havia crescido. Sérgio Peralta faleceu devido a um infarto em agosto de 2003.
Ele foi socorrido por vizinhos e levado ao hospital Getúlio Vargas, mas acabou morrendo em circunstâncias aparentemente solitárias e financeiramente desfavorecidas, segundo relatos de muitos, incluindo Miro.
Apesar da versão oficial de que a taça teria sido derretida, nunca se soube qual foi o verdadeiro paradeiro do troféu roubado.