O cenário futebolístico da Itália se encontra em meio a uma onda de temor e incerteza. Depois de ver dois de seus times, a Inter de Milão e o Milan, chegarem a etapas avançadas da Liga dos Campeões da Europa, e de presenciar a ascensão do campeonato nacional na arena internacional em 2023, o futebol italiano se depara com uma ameaça em 2024: o fim de um incentivo fiscal fundamental para os clubes.
Esse incentivo fiscal, conhecido como Decreto Crescita, funcionava como uma versão italiana da Lei Beckham, criada na Espanha no início dos anos 2000. A lei, agora extinta e não renovada pelo governo federal italiano, proporcionava aos clubes do país uma vantagem competitiva no Mercado da Bola, permitindo-lhes atrair e manter jogadores de renome como Lautaro Martínez (Inter), Rafael Leão e Theo Hernández (Milan) e Victor Osimhen e Khvicha Kvaratskhelia (Napoli).
Como funcionava a Lei Beckham italiana?
O Decreto Crescita, decretado em 2019, funcionava através da isenção fiscal de até 50% da carga tributária em contratos de trabalho de profissionais estrangeiros em empresas italianas. No universo do futebol, essa regulamentação tornou mais viável a permanência de jogadores estrangeiros na Itália, como o famoso português Cristiano Ronaldo.
Com o fim desta lei, os clubes italianos terão que pagar mais impostos, diminuindo assim a sua capacidade de investimento em contratações e manutenção de jogadores. Segundo projeções feitas pela Serie A, liga que administra a primeira divisão italiana, os clubes economizaram cerca de 140 milhões de euros (R$754 milhões) na temporada passada graças ao Decreto Crescita.
O futebol italiano em meio à crise fiscal
Com a legislação agora expirada, o montante anual de impostos pagos por clubes como Milan e Roma deve saltar dos atuais 60 milhões de euros para quase 90 milhões de euros (R$485 milhões). Para jogadores estrangeiros que recebem salários anuais na faixa de 6 milhões de euros (R$32 milhões), como os atacantes da Inter Lautaro Martínez e Marcus Thuram, seu custo aumentará de 7,9 milhões de euros para 11,1 milhões de euros (R$60 milhões).
Em meio a essa mudança, a disputa pelo título italiano parece estar restrita aos clubes mais tradicionais do país. Atualmente, os integrantes do “trio de ferro” italiano ocupam as três primeiras posições da Série A. Após 18 rodadas disputadas, a Inter de Milão lidera com 45 pontos, seguida pela Juventus com 43 pontos e o Milan com 36.
Enfrentando uma nova realidade fiscal, os clubes de futebol italianos agora precisarão ajustar suas estratégias de investimento e contratações para continuar competindo em alto nível tanto nacional quanto internacionalmente.