Dívidas do Atlético-MG seguem dando o que falar na mídia esportiva. O Galo fechou o último ano com um débito líquido de R$ 1,571 bilhão. Ao considerar o balanço financeiro dos últimos três anos, ou seja, desde o final de 2019 até o final de 2022, o aumento da dívida do clube foi de R$ 824. A data coincide com o período em que os mecenas da equipe, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador começaram a investir capital no futebol do time mineiro.
Os investimentos dos mecenas no Galo foram, na realidade, empréstimos feitos ao clube. No primeiro momento, o dinheiro emprestado foi negociado direto com a família Menin. Mas depois o clube negociou empréstimos com os bancos com aval dos empresários citados.
Ao analisar a dívida atual do Galo, é quase três vezes maior do que débito que o clube tinha antes dos empréstimos feitos à família Menin e aos bancos. Enquanto a dívida do Atlético hoje é de R$ 824 reais, em 2019 eram apenas de R$ 311 reais.
O Atlético-MG pode ser punido pela CBF no Fair Play financeiro?
Segundo o jornalista Rodrigo Mattos, as receitas do Galo são incompatíveis para a compra ou pagamentos de salários de jogadores como Zaracho, Nacho Fernandez, Savarino, Vargas ou Hulk, que foram adquiridos pelo clube entre 2019 e dezembro de 2022.
Com base nessa análise, o jornalista destaca que o Galo é um “produto de um investimento artificial”. E tal estratégia não é ilegal nem irregular no Brasil porque não há nenhuma regra de Fair Play financeiro no Brasil.
O modelo de gastar mais do que tem já havia sido adotado pelo Cruzeiro, o que gerou uma quebra do clube e transformação em SAF. No entanto, o Galo não para de recorrer a estratégia mesmo se vendo afundado em dívidas, e continua a repetir as mesmas ações em 2023.
A estratégia do Atlético é muito prejudicial a longo prazo, mas injeta dinheiro pensando em curto prazo, por conta de premiações diante de equipes que não recorrem as práticas de terem gastos acima de suas capacidades.
Enquanto a CBF faz vista grossa e não toma uma atitude que poderia afundar mais o Galo, as principais ligas do mundo proíbem tais práticas em seus torneios. A La Liga proibiu contratações do Barcelona quando as contas do clube estouraram. E a Premier League abriu processo contra o Manchester City por esconder gastos com salários, entre outras práticas. Vale ressaltar que o City havia o dinheiro, e que não era fruto de empréstimos.
“É bem curioso que, nas discussões da liga, a atitude do Atlético-MG não seja sequer um tema. A Liga Forte Futebol, na qual o clube é um dos líderes, levanta um debate pertinente sobre diferenças na distribuição de receitas de tv, mas nada fala sobre esse tipo de distorção com investimento artificial”, escreveu o jornalista em sua coluna no UOL, cobrando uma atitude da CBF em relação ao Fair Play financeiro ou até mesmo dos próprios clubes que organizam a criação de um nova liga no país.