A eliminação da seleção brasileira masculina de vôlei nas quartas de final dos Jogos de Paris deixou marcas profundas. Esse foi o pior resultado da equipe desde Sydney-2000. O ciclo foi marcado por altos e baixos, culminando em uma troca de comando a menos de seis meses da competição na capital francesa, com a volta de Bernardinho ao comando da equipe. Infelizmente, o tempo não foi suficiente para reestruturar a equipe de forma eficaz.
Após a derrota para os Estados Unidos, o ambiente era de extrema decepção. Darlan, considerado uma promessa para Los Angeles-2028, passou chorando pelos jornalistas e recusou-se a falar. Allan falou apenas com as emissoras de transmissão, evitando o restante da imprensa. Coube aos veteranos, como Bruninho e Lucão, explicarem a campanha decepcionante. Em quatro partidas, o Brasil sofreu três derrotas, vencendo apenas o Egito em Paris.
Foi o Pior Ciclo do Vôlei Brasileiro?
Bruninho e Lucão anunciaram que este será o fim de um ciclo para ambos na seleção. O capitão afirmou que essa foi “provavelmente a sua última partida”. “Faltou voleibol. Temos que assumir isso”, disse ele.
Em um tom visivelmente frustrado, Bruninho desabafou: “Difícil, né? Muito frustrante. Mesmo sabendo das dificuldades, sempre acreditamos. Dentro da equipe, há uma grande pressão e responsabilidade por tudo que fizemos nos últimos vinte anos. É doloroso perder assim, sabendo que lutamos e jogamos de igual para igual em muitos momentos contra grandes equipes, mas não foi suficiente. As equipes adversárias estão à nossa frente e esse foi o pior ciclo que disputei”, completou.
Lucão fez uma reflexão sobre o período em que esteve a serviço da seleção, deixando um alerta para a nova geração: “São 19 anos sem férias, oito anos sem participar do aniversário do meu filho, sem estar presente em casa. Uma nova geração está chegando com força e vai ter que trabalhar duro. Infelizmente, peguei o vôlei no nível mais alto de todos os tempos em termos de igualdade, mas torcemos bastante por eles e, no que pudermos ajudar, ajudaremos.”
Qual a Responsabilidade de Bernardinho na Derrota?
Ao contrário da primeira fase, Bernardinho não evitou a imprensa e apareceu para esclarecer a eliminação. O técnico assumiu a responsabilidade pela derrota, sugerindo que estará envolvido com a seleção, mas não confirmou se continuará como treinador. Deixou claro que o novo ciclo começaria “amanhã [hoje]”, sinalizando uma mudança de perspectiva.
“Eu tenho que ver o que minhas filhas vão dizer [sobre continuar como técnico]. É a minha vida, mas tenha certeza que, se não estiver liderando, estarei próximo. Não vou me afastar e deixarei de contribuir de maneira nenhuma com esse grupo e com o novo ciclo que se inicia. Precisamos realmente trabalhar muito bem”, afirmou Bernardinho.
Ele concluiu destacando a necessidade de se adaptar à nova geração: “Tenho que aprender a lidar com a nova geração e ser melhor para ela. Não é questão de gritar mais ou menos. Tenho que ser eficiente”, analisou.
A eliminação precoce na competição em Paris indica que haverá grandes mudanças e desafios pela frente para o voleibol brasileiro. Com novos talentos surgindo e veteranos se despedindo, o próximo ciclo promete ser um período de reconstrução e aprendizado para todos os envolvidos.