A história da Chapecoense conta com dois momentos que separam a trajetória amadora e profissional do clube. O futebol chegou a cidade de Chapecó em 1919, época em que o futebol ainda estava dando seus primeiros passos para sair do amadorismo.
Durante muito tempo, o futebol de Chapecó não passava de um conjunto de clubes amadores, alguns até disputavam o campeonato catarinense, mas a grande maioria não via o esporte com olhos profissionais.
De certa forma, a falta de incentivo para elevar o nível desses clubes desmotivou a cidade do Oeste de Santa Catarina. Porém, um grupo de apaixonados por futebol tomaram uma decisão que mudaria para sempre a história da cidade.
A história da Chapecoense conta com a fusão de dois clubes amadores que decidiram unir suas forças para profissionalizar seu futebol. Uma ideia ambiciosa, mas que no final resultou no time que conhecemos hoje.
O Furacão do Oeste conta com lindos capítulos durante toda sua trajetória no esporte, mas também conta com momentos ruins e, inclusive, uma grande tragédia que mudou o rumo que o clube estava tomando.
A Chape significa muito mais do que apenas um time para a cidade de Chapecó, ela representa a esperança e a força de superação que todo o clube teve que enfrentar em seu momento mais triste. A história da Chapecoense deve ser conhecida por todo apreciador de futebol.
Sem mais delongas, conheça toda a história da Chapecoense, o clube que nunca desistiu de vencer.
Sumário
O início da história da Chapecoense
Diferente da esmagadora maioria dos clubes nacionais, a história da Chapecoense começou muito tempo depois de o futebol se tornar o esporte mais popular do país.
Para ser mais preciso, essa história começou em 1973, quando um grupo de desportistas se motivaram para profissionalizar o futebol na cidade de Chapecó. Esse foi o primeiro passo para a criação daquele que seria o grande Furacão do Oeste.
Jovens apaixonados pelo futebol que eram membros dos times Atlético Chapecoense e Independente, ambos amadores, uniram suas forças para criar um clube profissional que fosse capaz de crescer em âmbito nacional.
No dia 10 de maio de 1973, nasceu a Chapecoense, que teve grande apoio da população e dos líderes locais. A relação entre os moradores de Chapecó com o clube é tão forte que, desde o início, a Chape conta com o apoio de diversos empresários da região.
Para se ter uma ideia, a emoção era tanta que o empresário Ernesto de Marco, dono das Casas Vitória, fez a doação dos primeiros uniformes oficiais do clube, e os incentivos não ficaram apenas por isso.
Ao decorrer dos anos, a Chape recebeu o incentivo de outros grandes personagens de Chapecó, como Heitor Pasqualoto, Avelino Biondo, Moacir Fredo e muitos outros. Até personagens políticos da cidade demonstraram apoio incondicional ao Verdão do Oeste.
Os primeiros passos da Chape no profissional
Geralmente, clubes que começam no esporte de maneira tardia tendem a encontrar muitas dificuldades para se consolidar entre as ligas importantes, mas na história da Chapecoense as coisas pareciam funcionar diferente.
Desde o começo, o Furacão do Oeste mostrava aos seus torcedores que tinha garra para alcançar níveis elevados em pouco tempo. Isso se confirmou após a primeira partida profissional da história da Chapecoense, vitória pelo placar mínimo diante do São José.
Mas o jogo que realmente fez com que os jogadores e torcedores pudessem acreditar que a Chape seria muito mais do que um simples clube foi o empate, por 2 X 2, contra o Avaí em Florianópolis.
O crescimento e ascensão
O processo foi trabalhoso, mas após alguns anos a Chape conseguiu dar passos largos para seu crescimento nacional, muito disso se deve ao apoio que os empresários, dirigentes, atletas e ex-atletas deram a o clube durante todo o caminho.
Em 2009, ao disputar a Copa do Brasil, que é o segundo torneio mais importante do futebol brasileiro, a Chape conseguiu o acesso para disputar a série D do campeonato brasileiro. Este foi o primeiro passo para uma escalada que ninguém imaginava.
Na sua primeira temporada disputando a quarta divisão nacional, o Furacão do Oeste conseguiu o acesso para a série C, competição que passou a disputar na temporada seguinte.
Com o acesso e a classificação para a Copa do Brasil, a diretoria do clube não poupou esforços e iniciou seus trabalhos para montar um elenco que fosse capaz de competir e elevar o nível do clube.
Na temporada de 2012, a Chapecoense chegou até as semifinais da série C, o que garantiu ao clube o direito de disputar a segunda divisão nacional no ano seguinte. Em apenas quatro anos de trabalho, a Chape estava a um passo de disputar a maior divisão do país.
Seu sucesso não se contentou em apenas alcançar a série B, na primeira temporada do clube na divisão, a Chape conseguiu o acesso para jogar na elite do principal campeonato nacional na temporada de 2014, ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo.
Após conseguir fazer a manutenção de sua vaga na série A e adquirir experiência na elite, o Furacão do Oeste, em 2015, conquistou o direito de disputar a Copa Sul-Americana, esta seria então o primeiro torneio internacional da história da Chapecoense.
Em sua primeira participação na competição, a Chape não fez feio e conseguiu chegar até as quartas de final, quando foi eliminada pelo tradicional River Plate. Entretanto, a Chape fez jogo duro contra os argentinos, conseguiu arrancar uma vitória por 2 X 1, mas não foi o suficiente para eliminá-los.
Até que chegou a temporada de 2016, um ano que parecia ser apenas a segunda temporada do clube em torneios internacionais acabou com um final trágico que entrou para a história da Chapecoense e do esporte mundial.
Um ano mágico com um final trágico
A temporada de 2016 foi o terceiro ano da Chape disputando a série A do campeonato brasileiro, além disso, o clube conseguiu a façanha de se classificar novamente para a Copa Sul-Americana.
Com as experiências que o Furacão do Oeste teve no ano anterior, a expectativa dos torcedores era de mais uma temporada com bons desempenhos e evoluções esportivas.
Expectativas essas que de fato aconteceram. Pelos campeonatos nacionais, a Chape fez o que era esperado por um clube intermediário, se manteve no meio da tabela no brasileirão e chegou até a terceira fase na Copa do Brasil, mas o grande destaque ficou para a Sul-Americana.
Poucos imaginavam, mas Chape fez uma campanha histórica em sua segunda participação no torneio e chegou a grande decisão, um feito que ninguém conseguiria premeditar.
A trajetória do Verdão do Oeste no campeonato foi admirável. Com um bom nível de futebol, a Chape bateu o Cuiabá na segunda fase do torneio, o placar agregado foi de 3 X 2.
Nas oitavas de final veio o primeiro grande obstáculo, o argentino Independiente. Após os jogos de ida e volta com os placares zerados a decisão foi para as penalidades.
Diante de sua torcida, a Chape se classificou para as quartas de final para enfrentar o Junior Barranquilla. O clube de Chapecó até perdeu o jogo da ida por 1 X 0 na Colômbia, entretanto, a partida no Oeste de Santa Catarina marcou um sólido 3 X 0 para a Chape, que se classificou pela primeira vez em sua história para a semifinal.
Nas semis, outro argentino voltaria a ser obstáculo da Chape, dessa vez o San Lorenzo. O jogo da ida, que aconteceu na Argentina, acabou com o placar de 1 x 1.
O returno terminou com o placar de 0 x 0 e com a classificação heróica da Chapecoense para a grande decisão. Destaque para o goleiro Danilo, que fez uma defesa histórica com o pé direito em cima da linha no último lance da partida, que sacramentou a vitória pelo gol fora.
A grande decisão seria decidida entre a Chapecoense e o Atlético Nacional, de Medellín. Essa era a grande chance da Chape escrever seu nome no futebol da América do Sul e, quem sabe, elevar de vez seu patamar esportivo.
Entretanto, um acidente que chocou o mundo acabou interferindo nos sonhos de todos os amantes do clube, o que ninguém esperava aconteceu. A Chapecoense sofreu um terrível acidente.
A queda do avião e a conquista da Sul-Americana
No dia 28 de novembro de 2016, a delegação da Chapecoense e jornalistas de diversas emissoras embarcaram no avião em direção à Colômbia, para a disputa do primeiro jogo da grande decisão.
Durante a madrugada, já nas proximidades de Medellín, o avião que transportava 77 pessoas caiu no meio das montanhas. O Brasil acordou com a triste notícia que parou o mundo, e Chapecó perdeu aquele que seria o seu maior orgulho.
De todas as pessoas a bordo, houveram apenas seis sobreviventes: O ex-goleiro Follmann, que teve sua perna direita amputada; O ex-zagueiro Neto, que até tentou voltar ao futebol, mas devido às fortes dores também teve que encerrar sua carreira.
O lateral-esquerdo Alan Ruschel é o único que seguiu com sua carreira, atualmente o jogador faz parte do elenco do Juventude. A comissária Ximena Suárez e o técnico de aviação Erwin Tumiri também escaparam com vida do acidente.
O sexto sobrevivente do acidente acabou falecendo em 2019. O jornalista Rafael Henzel sofreu um infarto enquanto jogava futebol com seus amigos e não resistiu.
Uma semana após o acidente, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) aceitou o pedido do Atlético Nacional e declarou o Verdão do Oeste o campeão da Copa Sul-Americana de 2016.
A conquista do torneio entrou para a história da Chapecoense da maneira que ninguém gostaria, mas sem dúvidas este foi um dos momentos mais importantes para a história de um clube que sempre mostrou sua raça e determinação em ser vencedor.