Estádio Juscelino Kubitschek: Antiga casa do Cruzeiro

Quando se pensa no Cruzeiro Esporte Clube, é natural que muitos associem automaticamente o clube ao icônico Mineirão, palco de memoráveis vitórias e conquistas.

No entanto, para compreender plenamente a trajetória do Cruzeiro, é essencial voltar quase um século no tempo e explorar o início de sua jornada em um estádio que desempenhou um papel fundamental em suas primeiras conquistas: o Estádio Juscelino Kubitschek de Oliveira, mais conhecido como Estádio JK.

O Berço das Conquistas do Cruzeiro

As sementes do sucesso do Cruzeiro foram plantadas em 1922, quando a diretoria do clube adquiriu, com recursos próprios, um terreno no bairro Barro Preto, em Belo Horizonte, para construir seu próprio estádio.

Ao contrário de outros clubes da época, que recorreram ao apoio público, o Cruzeiro empenhou-se em erguer sua casa com recursos próprios.

O resultado desse esforço foi a inauguração oficial do Estádio Juscelino Kubitschek de Oliveira em 27 de setembro de 1923.

A partida inaugural, contra o Flamengo, terminou em um empate eletrizante de 3 a 3. Nesse momento, nasceu a relação especial entre o Cruzeiro e seu estádio, que logo se tornaria um marco na história do clube.

Cruzeiro

Os Primeiros Títulos e Glórias do Cruzeiro

O Estádio JK presenciou as primeiras glórias do Cruzeiro. Foram nove conquistas do Campeonato de Belo Horizonte (1926, 1928, 1929, 1930, 1940, 1943, 1944, 1945 e 1956) e três títulos do Campeonato Mineiro (1959, 1960 e 1961).

Sob o olhar atento das arquibancadas, o Cruzeiro solidificou sua presença no cenário esportivo e construiu sua identidade.

O estádio testemunhou momentos inesquecíveis, como a maior goleada da história do clube, uma vitória esmagadora de 14 a 0 sobre o Alves Nogueira em 1928.

Nessa partida, Ninão se destacou como o maior artilheiro em um único jogo, marcando incríveis 10 gols. Esses feitos ficaram eternamente gravados na memória dos torcedores.

Mudanças e Evolução

Ao longo dos anos, o Estádio JK passou por transformações significativas. Em 1945, uma ampla reforma modernizou o estádio. Arquibancadas de madeira foram substituídas por 11 degraus de cimento, aumentando a capacidade de público para 15 mil pessoas.

A reinauguração, em 1º de julho de 1945, foi marcada por um empate entre o Cruzeiro e o Botafogo, um evento que atraiu as atenções do país e reuniu estrelas do futebol como Heleno de Freitas e Niginho.

A modernização não parou por aí. Meses depois, em 1946, a iluminação foi inaugurada no estádio, marcando um novo avanço tecnológico na época.

O estádio ganhou ainda mais prestígio ao receber times de outros estados e até mesmo adversários internacionais, como o Libertad do Paraguai em 1946.

O Fim de um Ciclo

Com a construção do Mineirão em 1965, o Estádio JK viu o fim de seu ciclo como a casa principal do Cruzeiro. Embora continuasse sendo utilizado para treinos e jogos do time B e das categorias de base, o clube começou a focar suas partidas de maior público no novo estádio.

Finalmente, em 1986, o estádio passou por uma transformação profunda e deu lugar ao Clube Campestre do Barro Preto.

As instalações foram reconfiguradas para atender às necessidades recreativas e esportivas dos sócios do clube.

O campo de futebol deu lugar a quadras poliesportivas, piscinas e outras instalações que promovem o lazer e a interação social.

Legado e Relembranças

Hoje, o Estádio Juscelino Kubitschek de Oliveira é parte integrante da rica história do Cruzeiro. Foram 478 jogos, 285 vitórias, 96 empates e 97 derrotas que moldaram a jornada do clube e consolidaram sua identidade no cenário esportivo brasileiro.

Mesmo que as arquibancadas do Estádio JK tenham dado lugar a novas instalações, as memórias e as conquistas do passado permanecem vivas nas mentes e corações dos torcedores.

O legado do Estádio JK é um lembrete duradouro da dedicação do Cruzeiro e de seus torcedores à busca da excelência esportiva.

A história desse estádio emblemático é uma prova do poder do esporte de unir comunidades e criar laços inquebráveis entre gerações de torcedores apaixonados.

Embora sua função física tenha evoluído, o Estádio Juscelino Kubitschek permanece como um símbolo eterno do orgulho cruzeirense e de uma era que moldou o destino de um dos clubes mais amados do Brasil.