Entenda o massacre que mudou o futebol europeu para sempre

O dia 29 de maio de 1985 ficou marcado negativamente na história do futebol mundial, no entanto, serviu para que fosse promovida uma profunda mudança no futebol. Nesta data, antes mesmo de a bola rolar para Liverpool, da Inglaterra, e Juventus, da Itália, pela final da Champions League daquele ano, no Estádio de Heysel, na Bélgica, os hooligans protagonizaram uma das maiores tragédias do futebol europeu e mundial.

A partida colocava frente a frente a Juventus, do craque francês Michel Platini, e o lendário Liverpool de Kenny Dalglish e Ian Rush. Mas o foco daquele dia – infelizmente – não foi o futebol.

O palco da final de 1985 não estava em boas condições, longe de ser o lugar mais adequado para um evento como aqueles. Para agravar a situação, torcedores do Liverpool cavaram buracos no muro do estádio e entraram sem pagar, sem passar pelo controle de segurança da partida, o que causou a superlotação das arquibancadas.

E como último ingrediente desta receita explosiva, os torcedores ingleses eram os famosos hooligans, grupo bem conhecido na década de 1980, que usava camisas de futebol como desculpa para arrumar grandes brigas e confusões.

Não demorou muito para que um conflito generalizado começasse no estádio. Os hooligans já haviam causado cenas de selvageria na Inglaterra na edição anterior da Champions League (na época ainda chamada de Copa dos Campeões da Europa), mas nada como o que aconteceu naquele ano, na Bélgica, que certamente foi agravado pela superlotação e pelas más condições do estádio, e pelo esquema de segurança precário.

Como foi a confusão que mudou a história do futebol

A confusão começou atrás de um dos gols, onde estavam torcedores de Liverpool e Juventus, cerca de uma hora antes de a bola rolar. Paus e pedras começaram a voar por todos os lados até que os ingleses fizeram o alambrado ceder. Um total de 39 pessoas, formadas em sua maioria por italianos, morreram espremidas.

Torcedores assustados tentavam pular o alambrado para fugir, mas caíam justamente na parte que continha os torcedores mais vorazes do Liverpool e a briga só aumentava. Em meio ao atendimento aos feridos, as torcidas também começaram a entrar em conflito com os policiais.

Para piorar o trágico roteiro, o árbitro ainda assim resolveu dar início à partida, mesmo com a confusão e pancadaria e contra a vontade da equipe do Liverpool. Além dos 39 mortos, outros 600 torcedores saíram feridos da partida.

Dentro de campo, Platini fez o gol – e comemorou como se tudo estivesse normal – que deu a vitória por 1 a 0 à Velha Senhora, que conquistava seu primeiro título da então Copa do Campeões.

Porém, depois da Tragédia de Heysel, ficava claro que algo precisava ser feito e que os hooligans precisavam ser extintos. A UEFA, então, puniu todos os clubes da Inglaterra, que foram excluídos de todas as competições europeias por um período de cinco anos – os ingleses haviam vencido sete das últimas nove Copa dos Campeões. Apenas em 1999 um time da Inglaterra voltou a vencer a Champions League, com o Manchester United de Alex Ferguson.