Em 17 dias, Cuiabá percorre o equivalente a três viagens de Norte a Sul do Brasil
Série do Dourado começou em Rondonópolis, no interior do Mato Grosso, e terminará nesta terça-feira (23), em Cusco, no Peru; serão, ao todo, seis jogos seguidos como visitante
Poucos clubes brasileiros tiveram um calendário tão complicado em abril quanto o Cuiabá. Desde o início do mês, o time disputou apenas uma partida na Arena Pantanal e completará nesta terça-feira (23) uma sequência de seis jogos seguidos como visitante. O duelo, contra o Deportivo Garcilaso, nesta terça-feira (23), às 19h (de Brasília), pela Copa Sul-Americana, será o último antes do time, enfim, poder voltar para casa em duelo válido pelo Brasileirão. Em 17 dias, a equipe cuiabana viajou cerca de 14,2 mil km.
A efeito de comparação, a distância de uma ponta a outra do Brasil é de 4,4 mil km. As viagens do elenco do Cuiabá equivalem a cerca de três vezes o trajeto, em linha reta, do Monte Caburaí, em Roraima, ao Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul.
Além disso, a distância percorrida pela delegação auriverde é superior ao que o clube teria que percorrer em uma viagem de ida à Europa, em caso de uma excursão ao continente. Em média, a distância entre Cuiabá e o Velho Continente é de 10 mil km.
Ao todo, o Cuiabá disputou partidas em quatro estados brasileiros: Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás e ao encarar o Garcilaso terá feito dois duelos fora: na Venezuela e no Peru.O trajeto mais longo, de avião, aconteceu entre Caracas e Curitiba.
Segundo a médica Flávia Magalhães, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, que atua com esporte há mais de 20 anos, o número de viagens excessivas pode ser prejudicial para o grupo de jogadores e afetar o rendimento dentro de campo.
“Todos os fatores dessa rotina, horários de voos, muitas vezes nas madrugadas, com saídas sem descanso de sono devido, impactam nas questões hormonais (períodos sono-vigília), alimentação, hidratação e descanso. Consequentemente, geram impactos na performance, com fadiga precoce, maior necessidade de ajustes ao relógio biológico individual, alterações no processo recuperativo, que é tão fundamental nos esportes de alto rendimento, e, consequentemente, leva a um maior risco de lesões”, explica.
Ainda de acordo com a especialista, o próprio resultado e a importância do jogo podem interferir. “São fatores estressores que irão comprometer o descanso. A adrenalina irá manter o indivíduo em alerta, além das alterações do próprio cortisol nas fases da recuperação física”, completou.
Rodrigo Oliveira, professor da Universidade Federal do Ceará e especialista em fisioterapia esportiva e atividade física pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), corrobora o pensamento: “Quando você tem uma sequência de jogos, independente do mando de campo, isso impõe uma dificuldade de recuperar plenamente os atletas. Uma rotina de duelos fora dos seus domínios, muitas vezes, impacta em processos como a qualidade do sono, alimentação, entre outros fatores, o que desgasta os jogadores e aumenta o risco de lesão muscular e queda da performance. Por isso, a fisioterapia esportiva, com todos os recursos que dispõe, acaba sendo fundamental para acelerar esse processo de reabilitação e evitar perdas nas equipes”.
Sequência começou no interior do Mato Grosso
Desde a partida de volta da final do Mato-grossense, o Cuiabá vem atuando como visitante. O primeiro adversário, no dia 6 de abril, foi o União Rondonópolis – partida que rendeu o tetracampeonato estadual ao clube –, depois vieram Metropolitanos, pela Sul-Americana, Athletico-PR e Grêmio, pelo Brasileirão, e Vila Nova, pela semifinal da Copa Verde. Este último jogo fez com que a partida que seria em casa, contra o Vitória, fosse adiada.
Após a derrota por 1 a 0 diante do Grêmio, o elenco viajou de Porto Alegre para Lima, onde ficou até a manhã desta terça-feira (23), quando seguiu para Cusco, cidade que recebe o confronto diante dos peruanos, no estádio Garcilaso de la Vega.
Ao desembarcar na cidade, o time seguiu direto para o hotel onde vai ficar concentrado até momentos antes do duelo. A altitude em Cusco é de 3.399 metros.
O pega contra o Garcilaso, no Peru, será o segundo destino internacional encarado pela equipe auriverde e fechará o calendário de visitante do clube neste mês. O retorno para Mato Grosso vai acontecer na quarta-feira (24), após a partida do torneio continental.
Para a partida, o técnico interino Luiz Fernando Iubel terá uma série de desfalques: os volantes Lucas Mineiro e Filipe Augusto, além do meia Max, com problemas musculares, estão fora, o lateral Ramon segue em fase final da transição física, e o zagueiro Alan Empereur se recupera de uma pancada na cabeça. O centroavante Deyverson, por sua vez, permanece afastado devido a questões disciplinares.
Com quatro pontos somados, o Cuiabá tenta defender a liderança do Grupo G. Terceiro colocado, o Garcilaso soma três pontos. O vice-líder é o Lanús, que também soma quatro pontos, mas perde no saldo de gols para o Dourado: dois contra um. Os argentinos visitam o lanterna da chave, o Metropolitanos, que ainda não pontuou na competição continental, na Venezuela, na quinta-feira (25), às 19h (de Brasília).