Na manhã desta terça-feira (03/10/2023), o mundo do futebol foi agitado por uma polêmica envolvendo a rejeição de um time saudita em jogar uma partida da Liga dos Campeões Asiáticos. O Al Ittihad, time do famoso jogador Karim Benzema, surpreendeu a todos ao se recusar a jogar contra o Sepahan, time iraniano, por causa da presença de um busto do general Qassem Soleimaní no estádio.
Soleimaní, que foi morto por forças americanas em 2020, é considerado um terrorista pela Arábia Saudita, país de origem do Al Ittihad. Logo, a presença de seu busto no estádio onde seria o jogo causou revolta e protestos da equipe saudita. A elegia ao general é vista como uma grande afronta ao time, que decidiu não participar dessa partida pela presença desse elemento.
Qual foi a reação da Federação Saudita de Futebol?
A Federação Saudita de Futebol não demorou a se pronunciar. Em um comunicado oficial divulgado na rede social X (anteriormente Twitter), a entidade expressou total apoio à decisão do Al Ittihad. A Federação expressou ainda que aprecia o interesse da Confederação Asiática de Futebol (AFC) em conduzir o jogo em circunstâncias adequadas, sem comentar abertamente sobre a razão para a retirada do time.
Apesar de toda a consternação e os protestos, os jogadores do Al Ittihad nem sequer chegaram a entrar no estádio Naghsh-e Jahan, localizado na cidade iraniana de Isfahan. Devido às “circunstâncias inesperadas”, o árbitro decidiu cancelar a partida, uma informação confirmada pela Confederação Asiática de Futebol (AFC) em comunicado.
Relações diplomáticas afetadas por Sport?
Vale ressaltar que este evento ocorre em um momento delicado nas relações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Irã. Ambos os países concordaram em normalizar suas relações em março deste ano, após um rompimento em 2016. Portanto, a recusa do Al Ittihad em jogar por causa da presença de um busto do general Soleimaní adiciona uma camada de complexidade a essa delicada negociação.
As partidas da Liga dos Campeões Asiáticos deste ano estavam, de certa forma, ajudando a aproximar esses rivais históricos. Prova disso é que, em meados de setembro, o Al Nassr, time de Cristiano Ronaldo, jogou em Teerã contra o Persépolis e despertou entusiasmo entre os fãs. No entanto, o episódio atual com o Al Ittihad abre margem para questionamentos sobre como o esporte e a política podem e devem se cruzar.