A adrenalina dos campeonatos de futebol não está apenas dentro das quatro linhas do campo, mas também nas mesas de negociações. As inúmeras transações milionárias em cada janela de transferências geram muitas questões entre os amantes do esporte. Surge um questionamento recorrente: Como é determinada a avaliação financeira de um jogador de futebol?
Essa tarefa, que possui um elevado grau de complexidade, considera diversos elementos, tais como o talento, a idade, o potencial, a posição, a situação contratual do jogador, seu histórico de lesões, as convocações para seleções, sua imagem pública, a solidez financeira do clube vendedor e o nível da liga em que ele atua. As variáveis são praticamente incontáveis.
Entendendo o valor de um jogador de futebol
Para esclarecer um pouco dessa complexa equação financeira, o Lance! Biz, canal de negócios no esporte, conversou com o economista Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri, empresa especializada na avaliação econômica de atletas há mais de uma década. Ele explicou que o método de valorização de um jogador de futebol evoluiu ao longo do tempo e atualmente é baseado em três principais aspectos: o valor do atleta em campo, o seu valor de mercado (fora do campo) e a idade. O primeiro passo no método da Pluri é a avaliação do atleta enquanto profissional do esporte. Isso inclui questões técnicas, táticas, seu comportamento em campo, questões clínicas e físicas. Esses são alguns dos indicadores que estão relacionados à sua avaliação, como explicou Ferreira.
Qual o papel do atleta fora de campo?
Em seguida, é avaliado o que o jogador representa para o clube enquanto ativo de mercado. “A maioria dos jogadores não tem valor de produto em si, mas há aqueles que são capazes de gerar retornos financeiros em visibilidade, mídia, venda de produtos, público, patrocínios, programa de sócios, etc.”, afirmou o economista.
Em outra vertente fora do campo, entra em consideração o “efeito vitrine”, que avalia onde o atleta joga, o tipo de competição que disputa, se ele é um jogador frequente na seleção ou se tem convocações pontuais.
O auge do valor do mercado: 23 anos
Após concluir a avaliação do que o jogador agrega dentro e fora de campo, acrescenta-se um ajuste de acordo com a idade. “Sabe-se hoje que, apesar de o auge técnico de um atleta estar entre 27 e 28 anos, o maior valor de mercado médio acontece em torno de 23 anos.
Porquê? Porque os investidores querem comprar o jogador cada vez mais cedo, para que ele possa minimizar o risco financeiro enquanto maximiza o potencial de valorização e revenda futura”, explicou Ferreira.
Conclusões desse método de avaliação
A partir destas avaliações, é possível chegar a algumas conclusões gerais que influenciam o preço de um jogador:
- Atacantes e meio-campistas tendem a ter preços mais elevados que defensores e goleiros;
- Quanto mais jovem o jogador, maior será o seu valor de mercado;
- Jogadores que atuam na Premier League ou em outros grandes centros da Europa tendem a ser mais valorizados do que aqueles que jogam na América do Sul;
- As convocações para a seleção influenciam no valor de um atleta;
- Os jogadores em final de contrato costumam ser mais baratos;
- Os atletas que são considerados “estrelas” são capazes de gerar mais receitas para o clube e, por isso, têm um valor mais alto.
Em última análise, é importante lembrar que o valor de mercado calculado para um jogador é apenas uma estimativa de sua venda. Ele pode ser vendido por um valor muito maior ou menor, dependendo de uma série de fatores e circunstâncias externas.
Portanto, ter um bom entendimento do valor de mercado é fundamental para os clubes, sobretudo no Brasil, onde as contratações costumam gerar grandes gastos financeiros e podem influenciar na construção de um time campeão.