Em 2021, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) resolveu se jogar no criptomercado com o lançamento do seu próprio fan token, o Brazil National Football Team Fan Token (BFT). Para a iniciativa, a entidade contou com a parceria da Bitci, uma corretora de criptomoedas turca e pouco conhecida no mercado de criptomoedas. Na ocasião, o negócio foi muito comemorado, e com apenas 20 minutos do lançamento, 30 milhões criptoativos já tinham sido vendidos, segundo a CBF. O valor totaliza algo em torno dos R$ 90 milhões.
O alto valor com as vendas fez a CBF dizer na época que a “oferta entrou para a história do esporte como a maior do mundo envolvendo tokens de torcedor”.
Passaram-se dois anos desde o lançamento do criptoativo da CBF, e a entidade nada tem falado a respeito desde então. De acordo com reportagem do InfoMoney, o ativo digital desabou e gerou enormes perdas para seus investidores.
Além disso, entre o final de 2022 (período da Copa do Mundo do Catar), quando alcançou seu preço máximo de US$ 1,53, e maio de 2023, o token caiu 96%. Na manhã desta quinta-feira (4), o ativo estava sendo negociado a US$ 0,06.
Em resumo, o prejuízo da CBF foi a maior perda entre os fan tokens de seleções de futebol, que também tiveram queda nos valores de seus ativo no período, como o ARG, da Argentina, que recuou 88%; o POR, de Portugal, 85%; e o SNFT, da Espanha, 92%.
Há outro fator negativo envolvendo o fan tokens da Bitci: além de nunca ter oferecido vantagem alguma para seus detentores, existe a possibilidade de nenhum cidadão do Brasil ter adquirido o token. Isso porque o ativo não é negociado em nenhuma corretora nacional, além de não ser negociado também em uma corretora estrangeira que tenha operação no Brasil.
Outro ponto que deve também ser levantado é que no site da Bitci não é possível saber se a exchange possui parcerias com algumas das instituições financeiras do Brasil para fazer transferência para contas bancárias no país.
Perda milionária da CBF
De acordo com a reportagem do InfoMoney, a CBF não falou o valor do prejuízo que obteve com a parceria com a exchange turca, apenas disse que “a dívida da Bitci com a entidade tem valor considerável”.
Mas, segundo fontes ouvidas pela reportagem, a dívida da Bitci com a entidade máxima do futebol brasileiro foi de cerca de US$ 8 milhões por ano (quase R$ 40 milhões). Além disso, o acordo entre as partes incluía repasse de ganhos da venda do criptoativo, o que não teria sido cumprido.
“A CBF tentou, de forma reiterada, manter a parceria. No entanto, em decorrência do descumprimento contumaz da Bitci e após o envio de sucessivas notificações, a CBF foi compelida a rescindir o contrato e a buscar o ressarcimento dos prejuízos causados pela empresa”, disse a confederação em nota.
Ainda de acordo com a informação, a parceria fracassada tem gerado demissões na CBF. No entanto, os nomes dos demitidos não foram revelados.
Vale destacar que a Bitci tem parceria com alguns clubes brasileiros, como Coritiba, Ceará e Fortaleza. Mas a empresa não tem cumprido os pagamentos, assim como fez com a CBF.