O ex-jogador e atual comentarista e colunista Walter Casagrande Júnior, que escreve para o portal ‘Uol’, foi o primeiro a entrevistar o casal de ex-árbitros (Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo) que fazia parte da ‘Central do Apito’, da TV Globo. Faz duas semanas que o polêmico quadro acabou e, com isso, surgiram muitas críticas pesadas sobre a importância ou não de um programa como esse. E Casão foi ouvir a dupla para saber mais detalhes.
“Fiz algumas participações no ‘Seleção SporTV’, programa que tinha esse quadro. Algumas vezes, achava interessante, e muitas vezes, não gostava. Mas quis ouvir a opinião de quem fazia parte dele. Então falei com o casal de árbitros Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo, para saber como eles se sentiam e como viam esse quadro”, iniciou Casagrande.
Confira abaixo a entrevista de Casagrande com o casal da ‘Central do Apito’
Como vocês viam a importância do programa Central do Apito?
Fernanda: Era importante para o público ter a opinião de um especialista. Saber se a decisão do árbitro foi certa ou errada e o porquê.
Sandro: Muito interessante para promover o debate e esclarecer dúvidas e também pra mostrar que existem lances que são interpretativos que humanizam a decisão do árbitro.
O programa tinha críticas positivas e negativas, como todos os programas. Mas quero saber de forma vocês encaravam quando diziam que era “Central dos Amigos”?
Fernanda: Isso nunca me incomodou, comentar situações que mexem com a emoção de duas torcidas sempre vai desagradar alguém.
Sandro: Nunca avaliei meu trabalho pelas críticas recebidas, nem pelos elogios. O mais irônico é que para os torcedores nós éramos a “Central dos Amigos” e para os árbitros éramos a “Central dos Inimigos”.
Vocês tinham algum momento de constrangimento em criticar e discordar dos árbitros?
Fernanda: Não, até porque nunca foi pessoal. Sempre foi uma avaliação técnica do lance.
Sandro: Não, porque era meu trabalho não fazer críticas sobre os árbitros, mas sobre a atuação.
Até que ponto a presença do VAR dificultou as opiniões de vocês?
Fernanda: Muitas vezes a impressão que fica é que se o VAR chamou, a decisão foi correta, e nem sempre é assim. Assim como o árbitro, o VAR também erra.
Sandro: Eu sempre gostava de dar minha opinião sem ter que esperar o VAR, para não correr o risco de ser influenciado. Até porque a decisão do VAR nem sempre foi correta.
Como viram o fim do programa e a saída de vocês da TV Globo?
Fernanda: Chegar e sair faz parte. Considerava importante o debate, principalmente sobre um tema tão polêmico e importante no futebol.
Sandro: Foi uma decisão editorial da empresa de acabar com a função nas transmissões.
Vocês acham que um programa como esse ainda faz sentido?
Fernanda: Com certeza. O debate sobre os lances de arbitragem acontece na TV, na padaria, no mercado… em todo lugar. É um tema que as pessoas têm muito interesse.
Sandro: Faz sentido, a arbitragem é um tema que desperta interesse e sempre promoveu audiência.
De que forma o comentarista de arbitragem pode se adaptar a uma transmissão com a presença do VAR?
Fernanda: Continuar comentando com base na regra, no protocolo do VAR e no entendimento de futebol.
Sandro: O VAR adicionou mais um componente pra discussão, nesse sentido a função do comentarista se tornou ainda mais importante desde que o comentarista não seja um carimbador de VAR.
Como vocês receberam o convite do Galvão para participar da estreia do canal GB, com a transmissão de Marrocos x Brasil?
Fernanda: Sempre foi um sonho trabalhar com o Galvão. Que bom que pude concretizar.
Sandro: O Galvão é o maior narrador da história do esporte brasileiro. Trabalhar com ele é motivo de muito orgulho.