O futebol feminino é uma temática que demorou a ser explorada na sociedade brasileira e mais ainda no cinema. Em 1984, José Antonio Garcia e Ícaro Martins lançaram o filme “Onda Nova”, controverso pela sua ousadia e temas abordados. Abaixo, vamos relembrar um pouco sobre esse marco do cinema nacional.
Antes da regulamentação do futebol feminino no Brasil no ano de 1983, a prática do esporte era proibida para as mulheres devido a um decreto-lei de 1941, criado na época do governo Getúlio Vargas. Essa lei só foi revogada em 1979, mais de 40 anos depois. No meio dessa conturbada transição, surge o arrojado filme “Onda Nova”, que trouxe o futebol feminino para as telas de forma nunca vista antes.
Narrando a história de um time de futebol feminino, criado para desafiar a visão machista que se tinha sobre o esporte, o filme trouxe a tona temas como o feminismo e a homossexualidade de forma ousada. Com cenas de nudez, sexo e drogas, chamou a atenção da censura e se tornou polêmico no seu lançamento, precisando de várias alterações para ser liberado.
Elenco e cenas chocantes
A produção reuniu um elenco diversificado, contando com a atriz e diretora Carla Camurati, o jogador de futebol Walter Casagrande Jr., e até mesmo o cantor Caetano Veloso. Entre as cenas que mais geraram polêmica, está uma onde Casagrande, então atacante do Corinthians, é seduzido por uma jogadora que deseja perder a virgindade com ele.
Apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo filme, ele é lembrado como um marco na história do cinema nacional, e na representação do futebol feminino nos meios de comunicação. O engajamento social e a abordagem desses temas, ainda tão relevantes, renderam ao filme o seu lugar na história do cinema brasileiro.
Com certeza “Onda Nova” não é apenas um filme sobre futebol, mas um retrato da sociedade brasileira da época e um exemplo do poder transformador do esporte. Apesar das dificuldades enfrentadas pelo filme, ele representou um importante passo na luta das mulheres pela igualdade dentro e fora de campo.