Passados pouco mais de quatro anos do trágico incêndio no Ninho do Urubu, que vitimou dez crianças no dia 8 de fevereiro de 2019, o caso ganhou novos capítulos nesta segunda-feira (6). Em matéria divulgada pelo portal UOL, um engenheiro contratado pelo Flamengo acusa o CEO do clube, Reinaldo Belotti, de adulterar a cena do local para impedir a perícia de descobrir uma possível negligência no local. O rubro-negro nega.
A publicação traz uma entrevista com José Augusto Bezerra, engenheiro contratado pelo Flamengo para fazer um laudo independente do acidente. E o profissional acusa Belotti de ter mandado um funcionário arrancar partes de uma instalação elétrica com problema durante a apuração das causas do acidente.
“Compromete o resultado da perícia da polícia. É decisivo”, disse Bezerra, ao UOL. Bezerra diz que chegou ao Flamengo no dia 8 de fevereiro, mesma data da tragédia, e que viu dois dias depois, em 10 de fevereiro, Belotti dar a ordem para arrancar os fios e um disjuntor que poderiam implicar o Flamengo de ter cometido uma negligência com a segurança do CT.
De acordo com a perícia feita pela Polícia Civil, o incêndio foi causado por conta de um defeito no ar-condicionado e do material inflamável das paredes dos contêineres, local onde as crianças ficavam alojadas. O laudo de Bezerra, divulgado pelo UOL, aponta má instalação elétrica, além deste problema no ar.
Diante das acusações feitas pelo engenheiro, o Flamengo se defende e trata o laudo como uma ‘documentação elaborada unilateralmente pela empresa’. Segundo o clube, Bezerra vazou informações que estariam cobertas por sigilo contratual.
A Polícia Civil corrobora com a informação do Flamengo, dizendo que fez a perícia no mesmo dia do incêndio coletando provas periciais e a concluiu no mesmo dia. E afirma que a remoção de fios e disjuntor, em data posterior, não teria atrapalhado o trabalho dos peritos. Bezerra insiste que viu policiais trabalhando no local no dia 14 de fevereiro.
Na visão do Flamengo, acusação de Bezerra foi feita para influenciar uma disputa que o profissional trava com o clube na Justiça por quebra de contrato de um serviço posterior ao lado do incêndio. Enquanto o rubro-negro cobra a devolução de um dinheiro de um serviço que não teria sido feito, Bezerra alega na ação que o contrato foi rescindido pelo clube após a empresa se negar a pagar ‘mesada’ a um dirigente. O Flamengo rebateu e cobrou que Bezerra revelasse quem pediu essa propina, mas ainda não obteve resposta.
O Flamengo nega acusações. Veja abaixo a resposta do clube sobre a matéria divulgada:
“Jamais o Senhor Reinaldo Belotti pediu a quem quer que fosse para adulterar a cena do local do incêndio, o que seria inútil haja vista a consumação imediata da perícia, logo após ao incêndio, bem antes dessa empresa e seu sócio surgirem no cenário. O clube também sustenta que ‘não há, em toda a vasta documentação produzida pelas autoridades públicas, qualquer elemento de prova que indique ou confirme a acusação leviana e caluniosa feita por esse senhor [Bezerra]’”.