Acredite se quiser: Futebol feminino já foi proibido no Brasil

As jogadoras da Seleção Brasileira de Futebol percorreram um longo caminho para chegar à Copa do Mundo. Mas, não falamos apenas da distância física — de mais de 12 mil quilômetros — entre o Brasil e os países-sede da competição, Austrália e Nova Zelândia.

A trajetória dessas atletas envolve também a superação de barreiras históricas e sociais, inseridas em um contexto que só começou a ser regulamentado há 40 anos, quatro anos depois da proibição do futebol feminino ser derrubada, em 1979.

O estádio do Pacaembu, atualmente casa do Museu do Futebol, foi palco de um momento histórico para o futebol feminino. Em maio de 1940, os times femininos cariocas Casino do Realengo e S. C. Brasileiro entraram em campo antes do amistoso entre os times masculinos de São Paulo e Flamengo. Este foi o primeiro grande jogo de futebol entre times femininos em nosso país e, curiosamente, nem todos ficaram satisfeitos com essa novidade.

A Controvérsia do Futebol Feminino no Brasil

Em meio à controvérsia gerada pela partida, o Decreto-Lei nº 3.199 foi publicado em 14 de abril de 1941, criando o Conselho Nacional de Desportos e estabelecendo a base de organização dos esportes em todo o país. O decreto proibia esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza” pelas mulheres. Na prática, isso significava a proibição do futebol, das lutas e do remo, por exemplo.

O futebol feminino, então, passou a ser associado a práticas consideradas imorais na época, como a prostituição. Mas, mesmo assim, jogos com a presença de mulheres nos campos continuaram ocorrendo, geralmente em eventos beneficentes ou inaugurações de obras em cidades menores. Quando as jogadoras começavam a ganhar algum destaque, as autoridades intervinham.

Apenas em 1983 a prática do futebol feminino foi regulamentada. No mesmo ano, foi realizada a primeira Taça do Brasil e, em 1991, a seleção brasileira participou pela primeira vez da Copa do Mundo de Futebol Feminino. A edição do Campeonato Brasileiro de 2023 marca também a primeira vez em que todos os clubes da série A do Campeonatomasculino foram obrigados a ter uma time feminino.