A evolução das táticas: como as estratégias de futebol transformaram o jogo

Há quem diga que o futebol não é mais o mesmo de antigamente. E, de certa forma, a afirmação está correta. Quem assiste a prática disputada até meados do século XX e a compara com a atual, vê diversas diferenças. O motivo? As táticas evoluíram e as novas estratégias simplesmente transformaram o futebol nos jogos de hoje.

O futebol visto nos jogos de hoje em dia é completamente diferente daquele enxergado no passado. Até mesmo as regras do esporte mudaram com o passar dos anos. O impedimento, por exemplo, passou por diversas alterações até chegar à sua versão final, no ano de 1990. 

Sem contar as inovações tecnológicas, que também deram outra dinâmica ao futebol. O Árbitro de Vídeo (VAR), por exemplo, já é uma realidade em praticamente todo o mundo e busca evitar “injustiças” não percebidas em tempo real pelos juízes. O mesmo vale para a tecnologia da linha do gol e por aí vai. 

No entanto, em termos práticos, é possível afirmar que o que mudou o futebol de algumas décadas para cá foram justamente as estratégias. Se no início o esporte era pouco dinâmico e com mais espaço, hoje ele é extremamente rápido e com poucas aberturas para os jogadores de construção.

Dito isso, saiba mais sobre como os jogos de hoje, no futebol, mudaram graças às estratégias:

Nos jogos de hoje, o espaço para se jogar é bem menor 

Faça um exercício: assista o jogo da Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo de 1970 e a compare com a final da Copa do Mundo de 2022, entre França e Argentina. Um dos pontos mais nítidos, ao se comparar ambas as partidas, é que os espaços que se tem para jogar em um e outro são completamente diferentes.

Nos jogos de hoje em dia, no futebol, os jogadores têm muito menos espaços para criar as suas jogadas. É a chamada “redução do campo de jogo”. Esse é um dos pontos cruciais na evolução tática desse esporte, que acabou acarretando na necessidade de criação de outras tantas estratégias.

A partir de meados da década de 1980 e 1990, as equipes e treinadores começaram a perceber que não podiam dar tanto espaço para os atletas do time adversário. Afinal de contas, quanto maior for o campo de jogo do atleta, maiores serão as suas opções para criar uma situação de gol.

Com isso, os times passaram a jogar “em bloco”, tanto para atacar quanto para defender. Isso fez com que tivéssemos toques mais rápidos e curtos, que passam por diversos setores de campo, com uma marcação muito mais acirrada e próxima. Um gol como o lendário de Carlos Alberto na final da Copa de 1970 dificilmente se repetiria nos jogos de hoje, visto que a marcação provavelmente teria interrompido a jogada muito antes.

Mais velocidade e preenchimento de espaços nos jogos de hoje

Outra mudança visível dos jogos de hoje em comparação com os de antigamente é a velocidade. As partidas da década de 1960, 1970 e até mesmo 1980 costumavam ser muito mais “lentas” do que as atuais. Em que sentido? Os próprios jogadores não eram tão velozes – talvez porque não precisassem se estimular tanto.

Os jogadores do século XXI são muito mais velozes, porque essa virou uma necessidade no contexto do futebol. Com menos espaços devida às formas de marcação, muitas vezes a única maneira de conseguir construir campo para desenvolver uma jogada é através da velocidade, onde as linhas podem ser desfeitas.

E se tivemos uma redução nos espaços, com a marcação, consequentemente tivemos um preenchimento deles. Um dos caras responsáveis por aperfeiçoar essa estratégia, em que praticamente todos os pontos do campo e futebol estão ocupados, foi o holandês Johann Cruyff, com o chamado “futebol total”.

Nele, os jogadores saem constantemente de suas posições para que possam criar opções de passe para seus companheiros. Sendo assim, diferentemente do futebol do passado, em que as posições dos atletas eram quase fixas (com um zagueiro dificilmente indo para o ataque, por exemplo), o futebol moderno é marcado por essa interação e movimentação constante entre os atletas.

Goleiros que jogam com os pés 

A necessidade de se ocupar os espaços dentro de campo para conseguir construir jogadas se tornou tão grande que, nos jogos de hoje, temos cada vez mais goleiros que sabem jogar com os pés. Essa também foi uma das evoluções das táticas do futebol ao longo das últimas décadas.

A pressão na saída de jogo se tornou muito mais constante. Com isso, não apenas os zagueiros e laterais precisaram entrar na jogada para fazer essa ponte da defesa com o meio e ataque. Até mesmo o goleiro, cuja função inicial era apenas defender os chutes e lances de perigo, precisaram participar.

Goleiros que sabem sair jogando com os pés são, hoje, um diferencial no futebol. Afinal de contas, de certa forma, eles fazem com que o time não tenha apenas “10” jogadores de linha, mas sim todos os 11. Ainda que sua função principal seja, obviamente, defender o gol, ele também passa a participar do primeiro quarto de construção da jogada.