Um dos grandes momentos recentes do Cruzeiro e que agitou a torcida foi sem dúvida o anúncio de que o clube iria aderir uma das grandes tendências do atual futebol, a SAF. Com a chegada de Ronaldo Fenômeno no comando da raposa, surgiu a esperança de dias melhores. Mas uma situação envolvendo um grave rompimento da nova gestão, preocupa os torcedores.
Com a saída de Zé Ricardo a apenas seis jogos do fim do Brasileirão, o Cruzeiro encerrará o ano de 2023 com seu quarto técnico, sem incluir as intervenções interinas do treinador do sub-20, Fernando Seabra. A mais recente mudança no comando marca mais uma quebra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) com a promessa de uma “gestão diferenciada”.
No começo do ano, a administração da SAF optou por manter Paulo Pezzolano até o término do Campeonato Mineiro, mesmo ciente de que o treinador não permaneceria para o restante da temporada. O uruguaio já havia comunicado à direção celeste, em dezembro de 2022, sua decisão de deixar a Toca da Raposa II.
“Não é uma decisão quente. Foi tomada com muita frieza, foi muito pensada. A decisão já estava tomada desde dezembro com a direção. Decidimos continuar no Campeonato Mineiro para que procurem o melhor treinador, para não colocar um interino. Demos o tempo para que pudessem fazer o caminho que tinham que fazer. Achar o melhor treinador possível para o Cruzeiro”, disse Pezzolano, quando explicou sua decisão de deixar o Cruzeiro.
Técnicos começaram a cair e o discurso foi para o espaço
No mês de março, ao eleger Pepa como sucessor de Paulo Pezzolano, a direção do Cruzeiro adotou a narrativa da “continuidade”, uma vez que o português possuía uma metodologia de trabalho bastante semelhante à do treinador uruguaio.
A primeira significativa quebra na narrativa da SAF, aconteceu com a demissão de Pepa em 29 de agosto, após apenas 25 partidas. O treinador português demonstrou surpresa diante do desligamento, uma vez que tinha a garantia de realizar um trabalho duradouro e que contaria com o respaldo da direção. Após um jogo dirigido pelo interino Fernando Seabra, o Cruzeiro surpreendeu na seleção do substituto de Pepa, anunciando o nome de Zé Ricardo.
O treinador permaneceu apenas em dez jogos como técnico do Cruzeiro. Em conversas com pessoas próximas, o comandante carioca expressou sua surpresa ao ser desligado no último domingo (13), após a derrota por 1 a 0 para o Coritiba em Curitiba, ocorrida no sábado (12). O técnico dirigiu o Cruzeiro em dez partidas do Brasileirão, conquistando três vitórias, dois empates e sofrendo cinco derrotas. Seu aproveitamento no cargo foi de 36,66%.
Ao deixar o comando celeste, Zé Ricardo deixou o clube na 17ª posição do nacional, a primeira na zona de rebaixamento, com 37 pontos. A decisão de desligar mais um treinador em 2023 foi comunicada pela direção apenas por meio de uma nota. Nenhum dirigente concedeu entrevista para discutir a mudança e as perspectivas futuras.
Pela terceira vez nesta temporada, Fernando Seabra, treinador do time sub-20, assumirá a orientação dos treinos. Existe a possibilidade de ele comandar o Cruzeiro no sábado (18), às 18h30, contra o Fortaleza, no Castelão, em um jogo atrasado da 30ª rodada do Brasileirão.
Nos bastidores, a direção do futebol cruzeirense trabalha para encontrar um novo treinador para a reta final do Campeonato Brasileiro. Será o quarto treinador em um ano, uma situação inimaginável nos escritórios da SAF.
Seja com um interino ou um técnico efetivo no banco de reservas, o Cruzeiro precisa conquistar pelo menos oito pontos dos 18 restantes para evitar o segundo rebaixamento de sua história. Os adversários na reta final da competição serão, na sequência, Fortaleza (fora), Vasco (casa), Goiás (fora), Athletico-PR (casa), Botafogo (fora) e Palmeiras (casa).