O futebol é uma paixão ardente na Itália, e os clubes italianos estão repletos de história, tradição e símbolos que representam a identidade única de cada equipe.
Uma parte essencial dessa identidade são os mascotes, que muitas vezes têm raízes profundas na cultura e na história das cidades que os clubes representam.
Vamos explorar os mascotes dos clubes da Série A italiana, desde os gigantes até as equipes menos conhecidas, e descobrir o significado por trás desses símbolos apaixonantes.
Inter: Biscione – A Serpente Gigante dos clubes italianos
A Inter de Milão, um dos clubes mais prestigiados da Itália, tem um mascote fascinante: o Biscione. Essa serpente gigante, que se enrola em torno de um escudo, tem uma história intrigante.
O Biscione tornou-se parte da Inter em 1929, quando o regime fascista forçou o clube a fazer mudanças institucionais.
A equipe passou a se chamar Ambrosiana e lançou um novo emblema com o Biscione no centro, junto com outros escudos representando a cidade de Milão e a família Visconti, uma das fundadoras do antigo ducado milanês. O Biscione é um símbolo imponente que personifica a história e a força da Inter.
Juventus: Zebra – A Surpreendente Escolha de 1929
A Juventus, também um dos mais renomados clubes italianos, teve uma escolha de mascote surpreendente em 1929: a zebra. A princípio, a mascote associada à “Velha Senhora” era um touro, que era o símbolo da cidade de Turim.
No entanto, em 1929, o clube adotou um novo emblema com uma zebra sobre duas patas, projetada pelo designer Carlo Bergoglio.
O motivo por trás dessa escolha era a semelhança cromática entre a zebra, com suas listras brancas e pretas, e as cores do clube. Em 2015, a Juventus transformou a zebrinha em seu mascote oficial, dando vida a Jay, que anima a torcida antes e durante as partidas.
Milan: Diabo – Desde a Origem
O Milan, rival da Inter em Milão, tem uma conexão profunda com seu mascote, o Diabo. O Diabo se tornou o símbolo do Milan logo na origem do clube, por sugestão de Herbert Kiplin, jogador e fundador do time.
A história remonta a 1899, quando Kiplin jogava pelo Torino e perdeu o título italiano para o Genoa.
Ao final da partida, ele teria dito ao capitão do Genoa que aquela seria a última vez que o Genoa ganharia um título, pois ele estava se mudando para Milão para fundar uma equipe de diabos, forte e temível.
O Diabo, também conhecido como “Sete-Peles”, foi adotado como mascote e símbolo do Milan, representando a bravura e a determinação da equipe. Em 2006, o clube oficializou o mascote ao criar Milanello, um diabinho desenhado pela Warner Bros, se consagrando aos clubes italianos.
Roma: Loba – A Lenda da Fundação
A Roma leva o nome e as cores da cidade eterna dos clubes italianos, e sua mascote não poderia ser diferente. O clube resgatou a lenda da fundação de Roma para escolher a loba como seu símbolo.
A história conta que os irmãos Rômulo e Remo, filhos do deus Ares, foram encontrados e amamentados por uma loba nas margens do rio Tibre quando eram crianças.
Quando adultos, os irmãos fundaram Roma. A loba, que cuidou dos futuros fundadores da cidade, representa a conexão profunda entre a Roma e sua cidade natal. Em 1999, o clube criou Romolo, um lobinho que entretém o público no Estádio Olímpico, mantendo viva a lenda da fundação de Roma.
Lazio: Águia – O Poder do Império Romano
A Lazio, outro clube de Roma entre os clubes italianos, escolheu a águia como seu mascote. A escolha está associada ao poderoso Império Romano, que usava a águia como símbolo de suas forças armadas, representando poder e prosperidade.
Em 2010, o presidente da Lazio, Claudio Lotito, comprou uma águia-careca para o clube, que sobrevoa o gramado do Estádio Olímpico antes de todas as partidas da Lazio. A mascote foi nomeada de Olimpia, em homenagem ao local onde o clube joga.
Napoli: Burro – Uma Reviravolta Inusitada
A escolha de mascote do Napoli é uma das mais curiosas da Serie A. Fundado em 1922, o Napoli tinha inicialmente um cavalo da raça persano em seu escudo, que era o símbolo da cidade e do antigo Reino das Duas Sicílias.
No entanto, após uma temporada desastrosa em 1926, em que o Napoli somou apenas um ponto, a mascote tomou um rumo inusitado.
O desempenho da equipe fez com que o cavalo de Persano fosse associado a um burrinho despojado. A partir desse momento, o burro foi adotado como mascote não oficial do Napoli e até chegou a ser usado no escudo do clube nos anos 1980. Se tornando imortal entre os clubes italianos
Fiorentina: Leão – Uma Mudança Recente
A Fiorentina sempre utilizou a tradicional flor-de-lis como seu símbolo principal. No entanto, em 2020, o clube organizou uma votação popular nas redes sociais para eleger um animal que representaria a equipe.
Surpreendentemente, um leão foi escolhido como o novo mascote, desenhado por Luca Pineli. A mudança representou uma nova era para a Fiorentina, que agora se identifica com a força e a majestade do leão.
Torino: Touro – O Herói Conquistador da Serpente
O Torino tem um mascote óbvio e histórico: o touro. A escolha remonta a uma antiga lenda local. Diz-se que havia uma serpente nos arredores de Turim que aterrorizava os habitantes e viajantes, fazendo parte da história dos clubes italianos.
Um dia, o touro da cidade decidiu enfrentar a serpente, derrotando-a e libertando a cidade da maldição.
Desde então, o touro tornou-se o símbolo de Turim e foi adotado pelo Torino. Uma estátua do touro foi construída em frente à Curva Maratona, onde ficam os ultras do clube, representando a bravura do touro.
Sampdoria: Baciccia – O Marinheiro da Ligúria
A Sampdoria, com sede em Gênova, tem um mascote especial chamado Baciccia. Baciccia não é apenas um marinheiro comum; ele representa uma figura histórica importante na região da Ligúria. O nome é um diminutivo de “Battista”, um sobrenome comum na Ligúria.
Baciccia é uma homenagem a Giovan Battista Perasso, um rebelde genovês que liderou o movimento para expulsar as tropas do Império Austríaco da região em 1746. Baciccia é uma parte essencial da identidade da Sampdoria e é amado pela torcida e pela história dos clubes italianos.
Genoa: Grifo – A Mitologia Antiga
O Genoa, o clube mais antigo da Itália entre os clubes italianos, escolheu um mascote baseado na mitologia antiga: o grifo. O grifo é uma criatura híbrida com corpo de leão e cabeça de águia, que também é mostrada no brasão da cidade de Gênova.
A presença do grifo é mencionada no hino oficial do clube e sempre aparece em bandeiras e camisetas dos ultras, na Curva Nord do Estádio Luigi Ferraris. O mascote oficial do Genoa é chamado Grifo, que é um diminutivo de grifone, como a criatura é conhecida na língua italiana.
Bologna: Leão – O Mascote Reforçado
O Bologna, conhecido como “Rossoblu”, tem um leão em seu escudo entre os clubes italianos. A escolha do leão é uma referência à coragem e bravura da cidade, que resistiu a várias invasões ao longo da história.
A cidade de Bolonha tem uma tradição de orgulho e valentia, e o leão é o mascote perfeito para representar esses valores. É uma escolha que reflete a herança histórica da cidade.
Atalanta: A ‘Deusa’ Atalanta – Inspirada na Mitologia Grega
A Atalanta, com sede em Bérgamo, baseou seu mascote na mitologia grega entre os clubes italianos. O clube adotou a princesa da velocidade, Atalanta, como mascote.
A escolha foi feita porque o clube, em sua origem, estava mais voltado para o atletismo. A princesa Atalanta era considerada uma das caçadoras mais rápidas da Grécia clássica, e a equipe da Atalanta queria fazer uma analogia entre seus atletas e a heroína grega.
Embora Atalanta não seja uma deusa, o clube acabou sendo apelidado de “Dea”, que significa “deusa” em italiano, representando a agilidade e a destreza dos atletas da Atalanta.
Udinese: Zebra – Primeiro Bianconero da Itália
A Udinese é conhecida como o primeiro “bianconero” da Itália devido às cores branco e preto de seu uniforme. Por causa dessas cores e das listras finas, a Udinese adotou as zebras como animal associado ao clube. A equipe de Údine chegou a usar o equídeo africano em seu escudo durante os anos 1970.
Parma: O Cavaleiro Cruzado – A Bravura Histórica
A cidade de Parma tem em seu brasão uma cruz típica do Ducado de Parma, que compreendia a região, entre os clubes italianos.
A bravura dos cavaleiros e dos soldados de Parma, que resistiram a diversas invasões estrangeiras durante a Idade Média e a Idade Moderna, tornou-se motivo de orgulho dos cidadãos.
Como é comum na Itália, o símbolo da cidade foi transportado para o clube, e o Parma é apelidado de “crociato” (ou cruzado em português). Em 2020, o clube deu vida ao simpático cavaleiro Crozè como mascote.
Verona: Escada – Uma Escolha Singular
O Hellas Verona tem dois símbolos em seu escudo: os mastins e a escada. Eles fazem referência a Mastino della Scala, um dos senhores que comandou a cidade no século XIII, entre os clubes italianos.
Apesar de ser mais plausível imaginar que o mascote dos “butei” seria um cachorro, o clube adotou uma escada, que foi desenhada por crianças de uma escola primária através de um concurso promovido pelo clube.
O mascote é chamado Zeno, em homenagem a um santo que intitula a basílica local.
Vicenza: Gato – Um dos Primeiros Mascotes Oficiais dos Clubes Italianos
O clube Vicenza Calcio tem como mascote um felino chamado Gatton Gattoni. Esse mascote foi criado em 1994 por uma agência publicitária de Vicenza. Inicialmente, o gato aparecia apenas em mídia impressa, como no jornal do time e em folhetos informativos.
No entanto, em 1996, ganhou uma representação física: um animador da torcida do estádio Romeo Menti se veste como Gatton Gattoni, com uma fantasia de cerca de dois metros e meio de altura. O felino é considerado um dos primeiros mascotes oficiais dos clubes italianos.
Pescara: Golfinho – Uma Escolha Local
O Pescara escolheu o golfinho como mascote, uma escolha que reflete o ambiente marítimo da cidade à beira do Mar Adriático. O golfinho é um animal que habita as águas próximas a Pescara e é uma representação adequada da cidade e de sua cultura à beira-mar.
Benevento: Bruxa – A Cidade das Bruxas
Benevento é conhecida como a “cidade das bruxas”. Portanto, nada mais apropriado do que estampar uma bruxa em seu escudo de clube de futebol, entre os clubes italianos.
A fama da cidade como um local de rituais longobardos, considerados como bruxaria herege pelos cristãos na Idade Média, levou à associação do clube com esse símbolo.
Crotone: Tubarão – Pitagórico e Marítimo
O Crotone é conhecido como o time “pitagórico”, devido à histórica presença do filósofo Pitágoras na cidade. Além disso, o clube tem os tubarões, habitantes das águas salgadas da Calábria, como símbolo.
Na temporada 1998-99, o clube lançou um novo escudo com dois tubarões ao redor do trípode de prata, que é um símbolo da cidade. O nome oficial do mascote é PaSqualo, um trocadilho com o nome Pasquale e a palavra “squalo”, que significa tubarão em italiano.
Frosinone: Leão – O Leãozinho Divertido
O Frosinone, conhecido como “gialloblù”, tem um leão como mascote. Em 2007-08, o clube criou Lillo, o leãozinho que diverte as crianças e os torcedores desde os tempos em que o time jogava no antigo Estádio Matusa, substituído pelo moderno Estádio Benito Stirpe em 2017.
Bari: Galo – A Escolha dos Torcedores
Quando o Bari foi refundado em 1928, a torcida escolheu o galo como seu mascote. Os motivos eram a vivacidade do animal e sua disposição para a luta.
O cartunista Carlin desenhou o primeiro modelo do mascote em 1928, e a versão mais famosa do galinho surgiu em 1979, com um escudo criado pelo designer Piero Gratton.
O galinho é um símbolo amado pelos torcedores do Bari e é frequentemente visto nos estádios. Uma imagem diferente para os clubes italianos.
Brescia: Leoa – A “Leoa da Itália”
Nas guerras que resultaram na unificação italiana em 1849, a cidade de Brescia resistiu aos ataques austríacos e ganhou o apelido de “Leoa da Itália”. Bem diferente entre os clubes italianos.
Pouco mais de um século depois, o Brescia escolheu a leoa como seu mascote. A leoa representa a coragem e a resistência da cidade e é um símbolo de orgulho para os torcedores.
Modena: Canário – O Passarinho do Campanário
Em 2012, o Modena criou um mascote com base em seu apelido: os “canários”. O passarinho, chamado Ghirlo, tem seu nome inspirado na Torre Ghirlandina, um campanário da cidade de Modena. É um mascote que reflete a conexão entre o clube e sua cidade natal, entre os clubes italianos.
Palermo: Águia – O Símbolo da Cidade
A águia é o símbolo da cidade de Palermo, e o Palermo FC incorporou esse símbolo em seu escudo desde sua estreia na Serie A, em 1932. Na gestão de Maurizio Zamparini, a mascote Kurò foi criada, uma águia com a coroa do Reino das Duas Sicílias.
Catania: Elefante – A Lenda da Fonte do Elefante
A famosa Fonte do Elefante, um ponto turístico em Catania, fez com que o clube adotasse o elefante como seu símbolo. Em 2014, uma enquete escolheu o nome Agatino para o mascote dos etnei. Diferenciado entre os clubes italianos.
Bônus: Seleção Italiana – Oscar, o Cão Pastor Maremano-Abruzês
Em 2023, a Federação Italiana de Futebol (FIGC) apresentou Oscar, um cão da raça pastor maremano-abruzês, como mascote oficial da seleção italiana, com certeza se destaca em relação aos mascotes dos clubes italianos.
Oscar foi concebido pelo artista italiano Carlo Rambaldi, famoso por ter sido o autor do desenho do personagem E.T. do filme “E.T., O Extraterrestre”.
Carlo Rambaldi também foi responsável pelos efeitos especiais de filmes como “Alien” e “King Kong”, ganhando dois Oscars de efeitos visuais. Oscar representa a coragem e a determinação dos jogadores da seleção italiana, sendo um símbolo do orgulho nacional no futebol e indo além dos clubes italianos.
Em resumo, os mascotes dos clubes italianos da Serie A são muito mais do que apenas símbolos; eles são parte integrante da história e da cultura de cada equipe.
Desde serpentes, zebras e diabos até lobos, águias e elefantes, esses mascotes refletem a rica herança das cidades e regiões que esses clubes representam. E, é claro, eles também trazem diversão e paixão para os torcedores em cada partida de futebol.