Seleção Brasileira não titubeou e deu “presente” para ditadura militar

A ditadura militar foi um dos períodos mais tristes do Brasil e a Seleção Brasileira teve um de seus maiores títulos durante o regime: a Copa do Mundo de 1970. A taça foi entregue ao então presidente Médici e após alguns anos, o capitão, Carlos Alberto Torres veio a público e explicou que não entregou a taça como uma forma de apoio ao governo ditatorial.

“Eu não queria saber se tinha ditadura, dos militares que estavam no poder. A gente estava jogando futebol profissional, nem se preocupava com essa coisa. A nossa preocupação era estar bem fisicamente, porque, tecnicamente, nós sabíamos que, desde que bem preparados para jogar na altitude mexicana, nós ganharíamos a Copa do Mundo sem pensar em ditadura”, disse o jogador.

“O que interessava para nós era nossa carreira, o orgulho profissional de ganhar uma Copa do Mundo. Isso era o que interessava”, contou o ex-jogador, que faleceu em 2016.

Com o sucesso dos atletas que encantaram o povo mas, sobretudo, pelo coroamento com o tricampeonato, o governo Médici foi fortalecido. O ufanismo, resultado do nacionalismo que tomou o coração dos então 90 milhões de brasileiros, serviu como propaganda aos militares.

Inflamadas por músicas e publicidade, que acaloraram o espírito patriótico, as pessoas, ao comemorarem o título mundial, eram estimuladas a esquecer os verdadeiros problemas sociais e humanitários do período, na mesma medida em que eram iludidas por uma sensação de falso progresso.

A Copa do Mundo de 1970 que foi a 9ª edição da Copa do Mundo FIFA, ocorreu de 31 de maio até 21 de junho. A competição, conquistada pelo Brasil, foi sediada no México, tendo partidas realizadas nas cidades de Guadalajara, León, Cidade do México, Puebla e Toluca.