Por que o Saci é o mascote do Internacional?

O Dia do Saci, celebrado em 31 de outubro desde 2003, tem como objetivo resgatar o folclore brasileiro, contrastando com o Dia das Bruxas, uma festividade “importada” dos Estados Unidos. Nesse contexto do Saci-Pererê, uma figura lendária conhecida por suas travessuras e suas peripécias, surge a questão: por que o Saci é o mascote do Internacional, um dos mais tradicionais clubes do Brasil?

A origem exata da lenda do Saci é incerta, mas suas raízes remontam à cultura indígena brasileira. O nome “Saci-Pererê” deriva da etimologia indígena, e a história do jovem negro com uma perna só, sempre com um cachimbo, aprontando travessuras, provavelmente surgiu durante o período colonial. Com o passar dos anos, essa figura do folclore brasileiro foi conquistando seu devido reconhecimento e ganhando espaço por todo o país.

Monteiro Lobato e a Popularização do Saci-Pererê

A fama nacional do Saci-Pererê foi impulsionada no início do século XX, graças ao trabalho do renomado escritor Monteiro Lobato. Em 1918, Lobato lançou a obra “O Saci-Pererê: Resultado de um Inquérito”, onde reuniu depoimentos de leitores do jornal “Estado de S. Paulo” para que esse conto conhecido por ser contado de boca e boca do Saci finalmente ganhasse sua versão escrita. Essa obra tornou-se uma referência no resgate e na preservação do folclore brasileiro.

Além disso, o personagem também ganhou destaque na série de livros infantis “Sítio do Picapau Amarelo”, também escrita por Monteiro Lobato. A adaptação dessa série para a televisão nos anos seguintes contribuiu ainda mais para a popularização do Saci-Pererê entre crianças e adultos.

A Relação Entre o Saci e o Internacional

Mas afinal, por que o Saci é o mascote do Internacional? Essa associação peculiar teve início durante a década de 1950, quando a imprensa esportiva do Rio Grande do Sul começou a comparar o Internacional com o personagem folclórico. Naquela época, o clube se destacava por abrir suas portas para jogadores negros, o que era uma exceção em relação aos demais times brasileiros, sendo o Vasco da Gama outra exceção notável.

A figura do Saci-Pererê encaixava-se perfeitamente com a imagem do Internacional do Rolo Compressor: um time aguerrido, malandro, capaz de enganar seus adversários e fazer travessuras dentro de campo. A semelhança entre o personagem folclórico e o espírito do clube tornou a associação ainda mais forte ao longo do tempo.

Rentería e a Celebração do Saci no Beira-Rio

Em 2005, o Internacional contratou o jogador colombiano Wason Libardo Rentería Cuesta, que já vinha se destacando no Boaycá Chicó, da Colômbia. Rentería tornou-se um dos principais destaques do Colorado no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2005, e suas comemorações de gol se tornaram memoráveis.

Em uma partida contra o São José, pelo Campeonato Gaúcho, no dia 26 de março de 2006, Rentería marcou o quarto gol da vitória por 6 a 2 e comemorou imitando o Saci. O jogador pulou com uma perna só, colocou um gorro vermelho e segurou um cachimbo na boca, encantando os torcedores e reforçando a ligação entre o jogador e o mascote do Internacional.

A Oficialização do Saci como Mascote do Internacional

Curiosamente, mesmo com a forte associação entre o Internacional e o Saci, a figura do folclore só foi oficialmente reconhecida como mascote do clube em 2016, por meio de uma mudança no estatuto do Inter. A partir desse momento, o Saci-Pererê passou a representar oficialmente o Clube do Povo em partidas e eventos, consolidando de vez sua posição como mascote do time.

O Saci no Hino Riograndense

A relação entre o Saci-Pererê e o Internacional transcende o campo esportivo. O mascote representa a história, a identidade e os valores do clube, tornando-se um símbolo importante para a torcida e para a cultura do futebol brasileiro. A irreverência, a astúcia e a alegria do Saci-Pererê refletem a essência do Internacional, trazendo uma conexão única e emocional entre o time e seus torcedores.

O Saci-Pererê, uma figura folclórica brasileira, conquistou seu espaço como mascote do Internacional ao longo do tempo, em uma relação simbiótica que transcende a esfera esportiva. A história do clube, a identidade de seu povo e a tradição do folclore nacional se entrelaçam em uma parceria que fortalece a relação entre o Internacional e sua torcida, e que mantém viva a memória do Saci-Pererê, um personagem imortal na cultura brasileira.