Após decepções em anos anteriores, o São Paulo buscou o mestre Telê Santana, em 1990, para exorcizar fantasmas (inclusive de sua própria primeira passagem, nos anos 70) e recolocar o clube no caminho das vitórias. E não foi diferente: com um futebol irresistível, o São Paulo de Telê atropelou tudo e todos em 1992, abocanhou títulos do Paulistão, da Libertadores e o direito de disputar o título intercontinental contra o “Dream Team” do Barcelona/ESP, de Johann Cruyff e do goleador búlgaro Hristo Stoichkov.
Mas o São Paulo tinha Raí. De “irmão mais novo do Dr. Sócrates”, para Rei do Morumbi, o craque vivia a grande fase da carreira e era, por unanimidade, apontado como o melhor jogador do Brasil. Classe, força, potência, habilidade e muito carisma, faziam de Raí o jogador perfeito e a cara do São Paulo.
E não era só ele: no gol, Zetti era apontado como um dos melhores da posição no mundo, candidatíssimo a titularidade da Seleção Brasileira da época. A linha defensiva era formada por Antonio Carlos Zago e Ronaldão, que aliavam técnica ímpar, força física e imposição, auxiliados nas laterais pelo incansável Ronaldo Luís e um tal de Cafu (que surgia ali, com pecha de quem não sabia cruzar, ridicularizado por parte da imprensa e que, simplesmente, seria o único jogador da história a disputar três finais de Copas do Mundo seguidas – 1994, 1998 e 2002).
O meio campo era onde a arte se desenvolvia. Telê conseguiu juntar o talento imensurável de Toninho Cerezo e Raí, com a técnica e comprometimento de Doriva e Pintado, que faziam o time envolver os adversários com relativa facilidade. Fora que, aliada à experiência e todo refino de Cerezo, o encaixe com Raí foi natural e o jogo tricolor fluía de forma muito tranquila.
No ataque, era sempre Muller mais um. O atacante são-paulino, cria da base e “Menudo” do Morumbi, era também um dos melhores atacantes do Brasil e do mundo, no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trazia velocidade, drible, construção de jogadas e uma finalização muito precisa. Fora que ostentou, ainda, uma invencibilidade grande em finais, quebrada apenas na final da Libertadores de 1994.
Time completo do São Paulo em 92
- Goleiros: Zetti, Alexandre Escobar, Marcos Bonequini
- Laterais direitos: Cafu, Vitor
- Laterais esquerdos: Marcos Adriano, Iván Rocha, Nelsinho, Ronaldo Luís
- Zagueiros: Ronaldão, Antônio Carlos Zago, Adilson, Lula, Sérgio Baresi, Gilmar, Válber
- Volantes: Pintado, Suélio Lacerda, Mona, Sidnei, Toninho Cerezo, Dinho
- Meias: Raí, Eraldo, Cláudio Moura, Elivélton, Palhinha
- Atacantes: Muller, Macedo, Caté, Rinaldo, Cuca, Mauricinho, Gilmar Estevam