Jogadores do Juventude, o meia Gabriel Tota e o zagueiro Paulo Miranda fizeram chamada de vídeo de dentro vestiário do clube com apostador, durante concentração para o Campeonato Brasileiro do ano passado. A equipe gaúcha terminou o certame sendo rebaixada para o Brasileirão Série B 2023. O conteúdo foi obtido pelo Ministério Público de Goiás que investiga manipulações de resultados no futebol brasileiro.
A denúncia está comprovada nas 113 páginas apresentadas pelo MP-GO, a qual foi aceita na última terça-feira (09) pela Justiça do estado goiano. Os documentos mostram fotos e vídeos dos dois jogadores do time de Caxias de Sul tendo um diálogo com o Bruno Lopes, o BL, apontado pela investigação como o chefe da quadrilha que manipula os resultados do Brasileirão.
De acordo com apuração do “GE”, a chamada aconteceu na tarde de 16 de outubro de 2022, às 16h44, um pouco mais de hora para a bola rolar no duelo entre Juventude e Atlético-GO, marcado para às 18h, daquele mesmo dia, no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.
Após encerrar a chamada, o próprio BL se surpreendeu com a atitude dos jogadores em realizar uma videochamada de dentro do vestiário do clube, e expôs sua surpresa em áudio para um grupo de WhatsApp.
“Tota, ele foi até lá no vídeo lá, e mano, mostrou o Paulo Miranda, falou: ‘Paulo Miranda, oh aí ó’, Paulo Miranda eu conheço também, falou ‘oh, o homem que dá dinheiro pra nós tá aqui’. Os cara deu risada e tal […] mano, no vestiário, os cara maluco, o vestiário no vídeo”, disse o suspeito de aliciar jogadores.
Além de Paulo Miranda e Tota, o lateral esquerdo do Juventude, Moraes, também foi considerado suspeito inicialmente, mas fez um acordo com o MP para atuar como testemunha.
Gabriel Tota e Paulo Miranda agora são réus na operação e, caso sejam condenados, a pena pode ser de dois a seis anos de reclusão, além de multa.
Como funciona o esquema de manipulação de jogos da Série A e Série B?
Os aliciadores ofertavam uma quantia entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para corromper os jogadores, e assim os atletas cometeriam lances específicos para determinar o resultado desejado. Isso inclui faltas, cartões amarelos ou vermelhos, escanteios ou até mesmo os jogadores assediados atuarem contra a vitória do próprio time.
Na operação, três suspeitos foram presos em São Paulo, e um deles é o apostador Bruno Lopes de Moura, que foi detido ainda na primeira fase da Penalidade Máxima. Quanto aos jogadores de futebol investigados, nenhum foi preso até o momento.
Ainda de acordo com os promotores do MP-GO, o esquema envolveria apenas apostadores e atletas. Árbitros, dirigentes e clubes não tiveram suas participações citadas nos esquemas de manipulação de resultados.