Árbitro pega todo mundo de surpresa com revelação sobre polêmica final entre Palmeiras e Corinthians

Decisões polêmicas dificilmente saem do imaginário do torcedor mais fanático. É o caso da grande final do Paulistão 2018, entre Palmeiras e Corinthians, disputada em 8 de abril daquele ano. Na ocasião, o Timão conquistou o título em pleno Allianz Parque, na disputa por pênaltis, mas com direito a muita reclamação por parte dos atletas palmeirenses contra a arbitragem. Mas essa polêmica voltou à tona justamente por um comentário do árbitro daquela partida. Entenda!

Na oportunidade, o Corinthians vencia a partida por 1 a 0, resultado que levava a final para as penalidades, quando, no segundo tempo, o volante corintiano Ralf cometeu um possível pênalti em Dudu. Próximo ao lance, o árbitro Marcelo Aparecido de Souza marcou a falta, o que gerou uma revolta por parte dos atletas do Timão.

Após inúmeros minutos de paralisação e muita polêmica, o árbitro anulou a marcação. Cinco anos após o fato, em entrevista ao podcast ‘Resenheira’, concedida no último sábado (8), o dono do apito daquela final detalhou como foi todo o lance envolvendo a possível penalidade e explicou que tinha até um ‘plano’ para mandar a cobrança voltar.

“Primeiramente, não houve interferência. Não houve interferência nenhuma. Isso foi criado por um ex-árbitro em uma emissora de televisão. Ele criou essa teoria da conspiração. O meu erro foi o que, chega um momento da partida, que você não pode acelerar. Tem que (gesto com as mãos de calma)”, iniciou.

“Eu tenho uma característica de deixar o jogo rolar. Tanto que o Moisés sofre a falta, o lance segue e acontece a cena do Dudu. Eu não vejo o toque na bola do Ralf. Durante meus 20 anos de arbitragem, a premissa do toque na bola é a mudança de direção. E não houve”.

“Eu marco com convicção, mas eu tenho total controle sobre tudo, atletas, estádio. Eu marco num impulso. Marquei por que eu não vi a mudança de direção. Ela mudou a velocidade, a rotação. Eu sei as lideranças da equipe, quem é quem. O Cássio, o Balbuena, o próprio Ralf, mas o Cássio veio imediatamente e eu senti que eu errei. Mas o que eu ia fazer?”.

Árbitro tinha um ‘plano’ para corrigir erro que decidiria final entre Palmeiras e Corinthians

Neste momento, Marcelo detalha qual era o ‘plano’ que ele tinha em mente para tentar evitar que o pênalti originasse em um gol de empate do Palmeiras. O resultado em 1 a 1 daria o título ao Alviverde, que havia vencido a partida de ida, em Itaquera, por 1 a 0.

“Eu tinha um plano na minha cabeça. Vai bater e se não pegar, vai voltar. Alguém vai invadir a área. Sempre invade. Se defender, segue o jogo. Se fizer, volta de novo. Mas, se bater de novo e marcar, aí não tem o que fazer”, explicou.

Marcelo explica que com os ânimos mais calmos dentro de campo, ele escutou no rádio um chamado de Adriano de Assis Miranda, quarto árbitro, que fala ao juiz de campo pela comunicação via rádio que Ralf acerta a bola e que ele havia errado a marcação do pênalti.

“Pelo rádio, eu ouço: ‘Marcelo, para mim foi na bola’. Como assim? Não é possível que de lá ele viu que foi na bola. E ele estava numa muvuca no banco do Palmeiras. Eu olho, ele está pressionado. Não era ele. Nessa hora, está o quarto árbitro tentando se comunicar comigo. Os jogadores do Corinthians viram e apontaram ele para mim”.

“Quando eu consigo me aproximar, ele me disse: ‘Para mim, Marcelo, o Ralf pega a bola, mas a decisão é sua’. Vamos fazer a coisa certa. Eu sei que eu errei, vamos voltar. Você percebe quando um atleta quer levar vantagem. O Dudu era um cara que sabia que tinha acertado a bola e tinha cavado. Você não via convicção nele”.

“Ele costumeiramente costuma fazer isso. O Dudu não ia fazer o pênalti. Tanto que na primeira cobrança ele erra. O Cássio sabia onde ele batia…”, finalizou.

Após a vitória do Corinthians no tempo normal, a decisão foi para os pênaltis, que terminou com novo triunfo do Alvinegro por 4 a 3. Dudu e Lucas Lima erraram pelo lado do Verdão, enquanto apenas Fagner desperdiçou pelo Timão.

A perda do título da forma como tudo ocorreu causou grande revolta pelo lado palmeirense. Na época, a direção do Palmeiras chegou a montar um dossiê com diversas fotos e vídeos que, na visão do clube, comprovariam uma suposta interferência externa no lance do pênalti, e tentou impugnar a decisão no TJD.

O pedido foi negado em maio de 2018, mês seguinte à decisão. A polêmica nos bastidores durou até setembro daquele ano quando auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva negaram o pedido de impugnação por parte do Palmeiras por entenderem que o clube não conseguiu provar a interferência externa que ocasionou a anulação da marcação do pênalti.

Com o caso encerrado, o Palmeiras emitiu um comunicado oficial e disse ter ‘demonstrado, de maneira inequívoca, a interferência externa na atuação da arbitragem na final do Campeonato Paulista’.