Campeonato criado por Piqué pode chegar no Brasil

No mundo do futebol há inúmeros exemplos de ex-atletas que, anos depois da aposentadoria vão à falência. Em geral, o motivo é sempre o mesmo. Uma vida baseada em gastos exorbitantes e maus investimentos durante a carreira. Mas há bons exemplos nesse meio. Ronaldo Fenômeno é um. De infância pobre, hoje é bilionário e dono de dois clubes de futebol (Cruzeiro e Valladolid, da Espanha). E o ex-zagueiro espanhol Gerard Piqué está indo por esse mesmo caminho através de um campeonato de futebol criado por ele. Entenda!

Mais de 90.000 pessoas viveram um domingo (no último dia 26 de março), de futebol e festa no Camp Nou, o que não seria grande surpresa não fosse por um detalhe: não era jogo do Barcelona, mas a final da ‘Kings League’, torneio criado pelo ex-zagueiro Gerard Piqué e por Ibai Llanos, famoso streamer espanhol.

O campeonato de Fut 7, com a participação de influenciadores, atletas amadores e algumas estrelas da bola como Ronaldinho Gaúcho e Iker Casillas, terminou com triunfo por 3 a 0 da equipe Barrios contra Aniquiladores, para delírio nas arquibancadas e dos milhões de fãs que acompanhavam o duelo pelas redes sociais.

O ambiente no Camp Nou lembrava a de um grande evento americano, como o Super Bowl, com shows musicais, pirotecnia e torcedores usando máscaras do rei que batiza a liga. Segundo dados da plataforma TVTOP España, a Final Four da Kings League teve pico de audiência de 2,16 milhões de pessoas, somando Twitch, TikTok e as contas oficiais dos presidentes das equipes.

Campeonato criado por Piqué está a caminho do Brasil

O brasileiro Neymar atacou de ator, ao aparecer no telão simulando o sequestro de Piqué e exigindo para o resgate que se tornasse proprietário de uma das equipes da futura Kings League brasileira. Piqué, que abandonou o campos este ano para se dedicar exclusivamente à carreira de empresário, já havia revelado o objetivo de criar uma edição brasileira da Kings League quando convidou Ronaldinho Gaúcho para atuar em uma partida.

“Comentamos que, no Brasil, o futebol de 7 é muito popular, Ronaldinho adora jogar. E começamos a falar que, no futuro, gostaríamos de levar a liga ao Brasil, sobre um mercado potencialmente bom”, disse, na ocasião.

De fato, o formato da Kings League se assemelha ao de campeonatos de society que fazem sucesso no Brasil, ou com os eventos de Showbol que levaram craques como Djalminha, Denilson e Falcão, do futsal, aos campos de grama sintética. É, porém, mais focado em entretenimento do que em esporte, pois conta com celebridades da internet (nem sempre boas de bola) e regras próprias. No Brasil, o RockGol, histórico programa da MTV, ou a Supercopa do canal Desimpedidos, têm o formato mais semelhante.

Formato pensado para atrair jovens

O projeto surgiu de uma ideia de Piqué com seu amigo Ibai, um dos principais streamers do mundo. Há anos, o ex-zagueiro, multicampeão com a seleção espanhola e com o Barcelona, vem alertando para um suposto desinteresse dos jovens pelo esporte e já chegou a pedir mudanças nas regras, como a redução do tempo das partidas, em razão do que chamou de “nível de concentração diferente”.

“Ao longo ou médio prazo, o futebol deverá estudar a possibilidade de reduzir as partidas. Ou tentar deixá-las mais empolgantes. Digo o mesmo para o tênis e outros esportes. A juventude de hoje não passa duas horas vendo um jogo na TV. Creio que isso vai acontecer em todos os esportes, ao longo dos anos”, disse Piqué, ainda em 2018.

No início do ano, Piqué e Ibai anunciaram a criação da Kings League, com 12 times presididos por criadores de conteúdo e ex-jogadores, como Kun Agüero e Iker Casillas. Os jogos das fases anteriores acontecem em um complexo esportivo de Barcelona, a Cupra Arena. Já a decisão ocorreu no Camp Nou, em um gramado com dimensões reduzidas.

O torneio começou com 12 times, que se enfrentaram entre si, em ida e volta. Os oito mais bem colocados avançaram e disputam os playoffs, em partidas disputadas em dois tempos de 40 minutos. Nenhum jogo pode terminar empatado, o que obriga uma disputa de “shoot-outs”, caso haja a necessidade de desempate. No Brasil, viralizou a cena em que Ronaldinho Gaúcho se nega a bater um shoot-out, pois não queria correr.