Ex-atleta abre o jogo e revela arrependimento de ter voltado ao São Paulo

A Rainha Marta é, sem dúvida alguma, o maior nome da história do futebol feminino no Brasil. Mas outro nome contribuiu muito para o desenvolvimento do esporte no país, se tornando um dos principais ícones e destaque da seleção brasileira feminina de futebol. Mas apesar da carreira longeva e vitoriosa, Formiga tem um arrependimento: ter retornado ao São Paulo, clube que a revelou para o futebol, para se aposentar dos gramados. Entenda!

Formiga tinha um plano ao se despedir do Paris Saint-Germain em 2021: se aposentar jogando pelo time do coração, o São Paulo, clube que a revelou para o mundo. Trinta anos depois de sua primeira passagem, a jogadora revelou que encontrou a mesma condição que via no clube nos anos 1990, sem perceber a evolução do futebol feminino nesse período, uma decepção para ela.

As queixas da atleta são muitas: gramado sintético para os treinos; academia com horário limitado e apenas um turno para fisioterapia – da qual Formiga precisou depois da lesão no músculo posterior da coxa direita.

A quantidade de uniformes também era limitada: cada jogadora tinha duas camisas de jogo. Só que, a cada saída do clube, as atletas precisavam devolver os uniformes para que as novas contratadas usassem. E as outras duas camisas? Formiga conta que eram destinadas a jogos festivos ou leilões. “E a gente, jogadora, que rala o ano inteiro, tem de se virar com duas camisas”, se queixou.

As decepções de Formiga no retorno ao São Paulo

“Quando voltei ao São Paulo, foi algo absurdo. Um choque de realidade muito grande. Fiquei muito triste com o que vi. A gente juntava a galera para conversar e debochavam quando eu sugeria melhorias. A estrutura que dão até hoje para o futebol feminino não é boa. Não é bacana”, revelou Formiga.

Formiga conta, ainda, que o material de treino atrasava dias, e a comissão precisava tirar leite de pedra. Ela afirma ter chegado a oferecer parcerias com empresas de artigos esportivos, mas era ironizada pela comissão e pelo supervisor. “Eles diziam ‘vai lá com seus amigos da marca tal’. Chato, né?”.

O contrato de Formiga encerrou em 2022 e, de acordo com ela, o clube tentou a renovação: “Eu disse não”, conta. Ela afirma ainda que, ao sair, queriam que ela devolvesse os uniformes. “Ouvi que, se eu não devolvesse, descontariam do meu salário. Eu disse: ‘Pois, meu filho, desconte! Não vou devolver’. O que é isso? Passei o ano todo com essa roupa. Daí a menina vai chegar vai ter que cheirar o meu sovaco? É falta de respeito comigo e com ela”.

Procurado, o São Paulo, em nota, se defendeu das críticas. Confira a nota do clube na íntegra:

“A estrutura do clube conta com três locais de treinamento que podem ser utilizados pela equipe durante a temporada: Complexo Social do Morumbi, CFA Laudo Natel e CT da Barra Funda. A escolha pelos treinos no Morumbi, utilizando o campo sintético, foi por votação das atletas no início da temporada, assim como neste ano.

A equipe feminina tem duas academias a disposição das atletas, uma no clube, onde acontecem os treinos durante a semana, e outra dentro da fisioterapia do clube, local onde as atletas que necessitam fazem complemento.

O Departamento Médico da equipe feminina principal conta com duas fisioterapeutas e uma médica. As profissionais trabalham em turnos diferentes, inclusive com atividades de prevenção e ativação por três vezes na semana antes dos treinos matinais e acompanhamento de toda a atividade em campo ao longo da semana, além de trabalhos de recuperação e tratamentos de lesões no período da tarde.

Os uniformes são cedidos pela fornecedora de material esportivo para o clube, de acordo com o previsto em contrato, com troca por temporada (que acontece para todas as equipes e categorias por volta de março)”.