Um fato lamentável chamou atenção antes da partida entre Corinthians e Inter de Limeira, no último sábado, 21 de janeiro, no Estádio Major Levy Sobrinho, em Limeira, em jogo válido pela 3ª rodada do Paulistão. Um torcedor corinthiano, que é amputado, foi impedido de entrar com suas muletas nas arquibancadas.
Assistir a jogos do Corinthians nos estádios é uma rotina na vida de Milton Fiani de Pina. Ele é integrante da torcida uniformizada Gaviões da Fiel, teve a perna direita amputada há 10 anos depois de sofrer um acidente de moto. Precisa, portanto, das muletas para locomoção.
“Eu sei que entrar num estádio é normal de muletas. Viajo o país inteiro e para fora também. Todas as caravanas que tiveram do Corinthians eu fui e ainda pretendo ir. Eu fui usurpado do meu direito. Futebol é inclusão ou exclusão?”, declarou Milton.
Segundo ele, agentes da Polícia Militar justificaram o veto porque as muletas poderiam ser usadas como “arma” e que ele teria condição entrar no estádio sem elas.
“Ele estava alegando que podia ser usada para brigar entre a própria torcida, sendo que ele estava me colocando em perigo querendo me jogar no setor PCD (pessoa com deficiência) da torcida mandante. Não tinha setor PCD visitante igual na Arena. Fiquei sabendo que falaram que me cederam um camarote, mas não foi nada disso”, se queixa o torcedor.
“Eu subi a rampa inteira pulando em uma perna só, segurando as coisas no bolso da minha calça. Estava cansado. Quando passei pelo policial ele me perguntou porque eu estava causando. Falei que eu estava atrás do meu direito. Paguei inteira, sou torcedor organizado e dei várias opções para ele para chegarmos num consenso e eu poder ver o espetáculo”, revelou o corinthiano.
Milton conseguiu acessar a torcida visitante somente no segundo tempo da partida e se surpreendeu ao encontrar outro torcedor amputado, mas com muletas. Diante da situação, ele gravou um vídeo que viralizou na nas redes sociais da torcida organizada.
Torcedor do Corinthians vai processar os responsáveis por proibi-lo de entrar com suas muletas
Após o caso, Milton procurou ajuda legal e vai entrar com ações para não passar pela situação novamente, como afirma o advogado Marcos Gervatauskas
“A gente pretende mover um habeas corpus preventivo com pedido liminar para que ele tenha um salvo conduto e possa entrar nos estádios daqui para frente com a muleta, que na verdade é parte do corpo dele. Se vier alguém impedindo de acessar, ele tem como entrar por determinação judicial. Esse é o mais urgente, mas também estamos estudando uma ação de indenização para que sejam reparados esses danos que ele sofreu”, afirmou o advogado.