Foz do Iguaçu acusa o Grêmio de calote

O que tinha tudo pra ser a solução dos problemas, pode se tornar mais um problema para o Grêmio. A venda de Pepê, ao Porto, de Portugal, em 2021, por 15 milhões de euros (R$ 98 milhões na cotação da época), está sendo questionada pelo Foz do Iguaçu, time paranaense que revelou o atleta e agora cobra o Tricolor Gaúcho por valores que não foram repassados da negociação.

Agora, o Foz do Iguaçu cobra os 30% dos direitos econômicos que tinha de Pepê – na época, a previsão era de receber cerca de R$ 29,4 milhões. O valor atual pode ser ajustado com a cotação no período das parcelas pagas pelo Porto.

O presidente do Foz do Iguaçu, Arif Osman, explicou que o acordo com o Grêmio era de receber a quantia após o Porto fazer o pagamento da última parcela da compra de Pepê, o que teria ocorrido em 15 de novembro de 2022.

Sem receber até agora, o Foz do Iguaçu decidiu acionar a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), órgão da CBF, e aguarda uma solução.

“O Foz aceitou que o Grêmio primeiro receberia e pagaria só depois da última parcela. O Foz tem direito e quer receber. Como atrasou, entramos na CBF. Procuramos o Grêmio, pedimos para que seja adiantada ao menos uma parte e depois concretizar o restante do pagamento, mas ainda não houve resposta”, disse Arif Osman, em entrevista. O Grêmio também foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou até a publicação da reportagem.

Ex-CEO do Grêmio alega que o Foz do Iguaçu teria cometido erro na condução do negócio

O ex-CEO gremista, Carlos Amodeo, informou que o problema ocorreu porque o Foz do Iguaçu tinha negociado parte dos direitos que tinha de Pepê com terceiros. Amodeo disse ainda que os pagamentos para esses terceiros, que tinham sido apontados pelo Foz do Iguaçu na negociação, estão previstos para serem feitos ao longo de 2023.

O presidente do Foz, Arif Osman, admite que tinha antes um acordo com terceiros, mas que rescindiu posteriormente e que solicitou ao Grêmio para que o valor fosse pago diretamente ao clube.

“Uma determinação da Fifa proíbe a venda de direitos econômicos de um atleta para terceiros. Depois tomamos ciência que é proibido. Consultei os advogados, e o Foz do Iguaçu rescindiu os contratos. O Foz fez uma negociação forçado pelo próprio Grêmio. Um clube pequeno, precisando de dinheiro, com a pressão do Grêmio e de empresário, no meio de uma pandemia, e acabou aceitando”, argumentou Arif Osman.

“O Foz do Iguaçu sabe do erro cometido lá atrás, sabe que pode ser responsabilizado (pela negociação com terceiros). Porém, essa é uma outra questão. O Grêmio também não pode pagar para terceiros. O valor tem que ser pago ao Foz, temos documentos reconhecendo isso e queremos receber o que temos direito”, concluiu o presidente do clube paranaense.

Após ficar um ano de licença, em 2020, o Foz retornou em 2021 motivado justamente pela venda de Pepê. O Azulão da Fronteira conseguiu retornou na terceira divisão do Paranaense e, após dois acessos, em 2023 está de volta à elite estadual.

Pelo Foz do Iguaçu, Pepê fez apenas 12 jogos e marcou cinco gols em duas temporadas: 2015 e 2016. Em 2016 ele se destacou no Campeonato Paranaense e foi emprestado ao Grêmio para a categoria sub-19. A estreia pelo Tricolor gaúcho aconteceu em 2017, mas o destaque veio em 2020, com 15 gols e nove assistências em 57 jogos. No Porto desde 2021, Pepê soma 70 partidas, com nove gols e 11 assistências.