Vinda para o Flamengo de jogador do Boca Juniors envolve polêmica

O interesse mútuo entre Flamengo e o goleiro argentino Agustín Rossi parece ter esfriado desde esta quinta-feira, 5 de janeiro, quando uma parte da torcida rubro-negra iniciou um movimento para tentar barrar a vinda do jogador ao atual campeão da América. A #RossiNão tomou conta do Twitter na noite desta quinta-feira.

Isso tudo aconteceu na véspera da ida de Marcos Braz (vice-presidente de futebol) e Bruno Spindel (diretor executivo) à Argentina justamente com o objetivo de convencer o Boca Juniors a liberar a atleta.

O movimento contra a vinda do goleiro Rossi foi iniciado pelo grupo político “Flamengo da Gente”. O motivo é a denúncia de agressão a uma ex-namorada, em 2017, quando ainda defendia o Defensa y Justicia, também da Argentina. Na época, a mulher expôs conversas com ameaças e compartilhou fotos com hematomas.

Antes de chegar ao Boca Juniors, o assunto chegou a ser levantado por alguns torcedores argentinos, assim como ocorreu durante a negociação de Rossi com o Minnesota United, dos Estados Unidos. O clube, inclusive, desistiu da contratação do goleiro em 2019 após pressão dos torcedores.

Marcos Braz afirmou que o Flamengo só tomou conhecimento da situação nesta quinta-feira, 5 de janeiro, e informou que o caso está sendo analisado, mas que o clube só se pronunciará se a contratação for concluída.

Leia na íntegra a nota do Flamengo:

“Mais uma vez, o Flamengo associa seu nome à possível contratação de um jogador com histórico de violência contra a mulher. Desta vez, o goleiro argentino Agustín Rossi. Rossi foi acusado de agredir e ameaçar de morte a ex-namorada, o que, inclusive, causou a desistência de sua contratação pelo time Minnesota United, da MLS, em 2019.

Com essa negociação, a diretoria do Flamengo reitera que eventual conduta criminosa de atletas não é empecilho à sua contratação, mesmo que isso vá de encontro com o mínimo ético, ou viole regras básicas de compliance. Aliás, compliance deveria ser ferramenta importante em um clube que se pretende profissional, inclusive para atrair patrocínios que não dependam de articulações políticas obscuras.

Mas o que esperar de uma diretoria que não possui limites éticos no uso do clube pra fins políticos pessoais? De uma diretoria que chancela a xenofobia de sua diretora de responsabilidade social? Aliás, o que tem a dizer a diretora de responsabilidade social sobre esse tipo de contratação?

Urge ao Flamengo assumir o protagonismo no fomento a uma cultura responsável com relação às violências que atingem a imensa maioria de sua Nação, como o machismo, racismo, homofobia e xenofobia. Essa é a luta do FdG!

Rossi pode ser o segundo atleta com histórico de violência a ser contratado por essa diretoria no período de seis meses. E não podemos esquecer da tentativa recente de contratação de treinador condenado por estupro.

Essas atitudes põem em risco o movimento recente de profissionalização do clube, e o atual elenco vem provando nos últimos 4 anos que não é preciso abrir mão das melhores práticas de condutas para ser campeão.

Nunca é demais lembrar que a trajetória do goleiro Bruno no Flamengo passou pela negligência da diretoria em relação a episódios anteriores ao feminicídio pelo qual ele foi condenado e que já indicavam o comportamento misógino do atleta. O fim trágico todos nós lembramos.

O Flamengo está disposto a correr mais esse risco? Nós não estamos! A violência de gênero deve ser combatida de forma exemplar e é dever do Flamengo estabelecer esse padrão cultural para todos que representam o nosso Manto, inclusive com previsão contratual.

O FdG rechaça e condena a contratação do goleiro Agustín Rossi e reforça seu compromisso em defesa de um Flamengo que respeite e proteja a pluralidade de nossa torcida”.