O Rei Pelé é conhecido mundialmente por seu talento no futebol, que lhe rendeu a alcunha de “melhor jogador de todos os tempos”. Mas Pelé também já se aventurou como cantor. Também teve o Pelé ator atuando nos cinemas. E o Pelé político, que chegou a ser Ministro do Esporte entre os anos de 1995 e 1998 no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Essa foi a primeira imagem de Pelé relacionada à política, embora o governo militar tenha se “aproveitado” da popularidade do Rei do Futebol após a conquista do Tri na Copa do Mundo de 1970, no México.
Com o cargo político, a principal contribuição de Pelé veio através da ‘Lei Pelé’, sancionada em 25 de março de 1998, que buscava a profissionalização e a transparência do futebol de clubes, além da garantia de direitos trabalhistas para os atletas profissionais.
Ao mesmo tempo, a Lei Pelé também tinha como objetivo substituir a Lei Zico, que era apenas sugestiva, e possibilitava ao mercado segui-las ou não. Dessa forma, a lei passou a obrigar que todos os interessados sigam suas normas à risca.
A regulamentação previa que a figura do passe nos contratos de jogadores fosse extinta em três anos. Este passe previa que mesmo após o fim do vínculo contratual, o atleta ainda estaria ligado ao clube contratante.
Ou seja, para que o atleta pudesse ser contratado por outro clube, o novo contratante deveria pagar ao anterior uma quantia, que ficou conhecida como passe. Assim, a Lei Pelé garantiu que esta “manobra” fosse substituída pela inclusão obrigatória de cláusulas penais nos contratos de trabalho.
No entanto, a medida foi criticada pelo então presidente da Fifa, João Havelange, e pelo antigo “Clube dos 13”, que reunia os principais dirigentes dos clubes brasileiros e da CBF.
A Lei Pelé também determinava repasses de recursos das loterias federais para o Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), o Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Clubes (CBC).
Depois de ser ministro do Esporte, Pelé não se envolveu mais diretamente com a política
Porém, depois da experiência no fim da década de 1990, o Rei optou em se manter distante da política, o que é tratado no documentário “Pelé” produzido pela “Netflix”. Durante o longa, o melhor jogador de todos os tempos fala um pouco mais sobre o assunto.
“Tivemos alguns problemas durante a minha carreira porque os caras misturaram política com futebol (…) Quando aceitei trabalhar com Fernando Henrique Cardoso como ministro do Esporte eu aceitei porque achava que era momento de ajudar o Brasil e tal, e graças a Deus deu tudo certo, foi maravilhoso para mim”, explicou Pelé.
Mesmo que tenha conseguido contribuir para a área, o ministério foi extinto e alguns setores da função foram agregados ao Ministério da Educação (MEC). Dessa maneira, ao longo dos mais de 20 anos de vigência, a Lei Pelé sofreu uma série de alterações, que na maioria delas foram feitas para adequar alguns pontos tidos como polêmicos e contraditórios.