Em 1992, o Paraná Clube estava em uma encruzilhada que poderia ter mudado completamente a sua história e a do futebol mundial. Naquele ano, um jovem talento de apenas 16 anos chamado Ronaldo Luís Nazário de Lima foi oferecido ao clube por um valor irrisório. Esta decisão, tomada pelos cartolas do Tricolor, deixou de trazer um dos maiores jogadores de todos os tempos para seus quadros.
Na época, o Paraná Clube estava subindo os degraus da divisão nacional, enquanto o jovem Ronaldo defendia o modesto São Cristóvão, do Rio de Janeiro. A oportunidade de adquirir 50% do passe do jovem talento por R$ 150 mil chegou às mãos dos dirigentes paranistas. Mesmo assim, a proposta foi rejeitada.
Negativa do Paraná Clube ao Jovem Ronaldo
Darci Piana, então presidente do Paraná Clube, relembra com detalhes a negociação que não foi adiante. “Esse cara não tinha nome, ninguém sabia quem era, jogava num time pequeno lá do Rio”, afirmou Piana em entrevista à Gazeta do Povo. A diretoria do Tricolor preferia jogadores cujo passe completo estivesse sob sua posse, algo impossível no caso de Ronaldo, visto que apenas 50% do valor de seu passe estava sendo negociado.
A decisão, tomada de forma colegiada pela diretoria, foi justificada pela análise de que Ronaldo seria “mais um” no time, ao lado de jogadores destacados como Serginho Prestes, Adoílson, Maurílio e Saulo. Optou-se por não fechar o negócio devido ao desconhecimento sobre o real potencial do jovem atacante.
O Que Teria Acontecido se Ronaldo Tivesse Jogado no Paraná?
Após a negativa do Paraná Clube, o destino de Ronaldo foi rapidamente selado pelo Cruzeiro, que adquiriu 50% do seu passe por aproximadamente R$ 250 mil. Um ano depois, Ronaldo foi vendido para o PSV, da Holanda, por seis milhões de dólares. Questiona-se frequentemente o que poderia ter acontecido se Ronaldo tivesse sido aceito pelo Paraná Clube.
Piana acredita que o futuro do Fenômeno seria diferente. “Se o Ronaldo tivesse vindo para o Paraná, provavelmente não teria ido para a Holanda pelo valor que foi. No Paraná, talvez teria sido vendido para outro clube brasileiro ou para o exterior por um valor mais barato”, pondera o ex-dirigente.
Mesmo defendendo a decisão da época, Darci Piana admite que o “fantasma” de Ronaldo assombrou os dirigentes por anos. “A história ficava voltando na nossa cabeça”, afirma. Ele acredita que, mesmo voltando no tempo, a decisão seria a mesma: “Se fôssemos fechar negócio, teríamos o visto jogar primeiro, mas analisamos que ele seria mais um, não seria titular, não ia jogar.”
Os Arrependimentos e as Lições
Apesar das justificativas, a decisão do Paraná Clube é vista com um leve tom de arrependimento, mas também como uma lição de gestão. A busca por manter 100% dos passes dos jogadores foi uma estratégia que acabaria evoluindo com o tempo. Hoje, o clube, que luta para reconquistar seu espaço na elite do futebol paranaense, carrega esse episódio como um ponto de reflexão.
Em resumo, a decisão da diretoria do Paraná Clube em 1992 é um exemplo clássico de como uma escolha pode alterar o destino de muitos no futebol. Ronaldo, o Fenômeno, seguiu seu caminho de sucesso global, enquanto o Tricolor ainda carrega a história como uma oportunidade perdida e uma lição valiosa.